No
primeiro depoimento à CPI, Luiz Henrique Mandetta resumiu a atitude de Jair
Bolsonaro na pandemia. Em vez de se guiar pela ciência, o presidente escolheu o
caminho do negacionismo. Sabotou as medidas de distanciamento, receitou
remédios milagrosos e tapou os ouvidos para as más notícias.
Mandetta evitou o embate direto, mas reforçou a principal suspeita da oposição. No lugar de combater o vírus, o capitão apostou na tese da imunidade de rebanho. Distribuiu cloroquina e mandou a população voltar às ruas antes da chegada da vacina. Foi uma aposta na morte, que ajuda a explicar as mais de 410 mil vidas perdidas até aqui.
O
ex-ministro contou que o chefe tinha um “assessoramento paralelo”. Um dos
conselheiros era o vereador Carlos Bolsonaro, suspeito de comandar a máquina
de fake news do
governo. Ontem o Zero Dois tuitou que o depoente deveria sair preso do
Congresso. Se a CPI avançar sobre as milícias digitais, a maldição ainda pode
se voltar contra ele.
Mandetta
economizou nos adjetivos para Bolsonaro, mas soltou a língua ao criticar Paulo
Guedes. Definiu o ex-colega como um personagem “desonesto intelectualmente” e
“pequeno para estar onde está”. O ataque amplia o desgaste do ministro da
Economia, que vem perdendo sustentação política e agora deverá ser convocado à
CPI.
A
sessão de ontem também serviu para mostrar o despreparo da tropa governista. Na
véspera do depoimento, o ministro Fábio Faria enviou a Mandetta, por engano,
uma das perguntas que seriam feitas pelo senador Ciro Nogueira. Ao revelar a
gafe, o ex-ministro expôs mais uma trapalhada do Planalto.
Não foi a única do dia. O general Eduardo Pazuello virou piada após apresentar uma desculpa mambembe aos senadores. Ele pediu para adiar seu depoimento porque teve contato com pessoas infectadas pela Covid-19. Há poucos dias, foi flagrado sem máscara num shopping. Desprezou a ameaça do vírus, mas está morrendo de medo da CPI.
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