- O Globo
O Exército vem trabalhando nos últimos dias para impedir que o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na CPI da Covid prejudique a reputação da força. O comandante do Exército, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, conversou sobre o assunto na segunda-feira à noite com o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz.
Nos
últimos dias, também fez chegar a Pazuello recados para que o ex-ministro não
associasse sua atuação no ministério aos papéis que desempenhou no Exército.
Temia-se, inclusive, que Pazuello pudesse comparecer de farda à CPI – o que foi
desencorajado nas mensagens enviadas ao ex-ministro.
Pazuello tranquilizou os interlocutores e prometeu ir ao Senado à paisana. Mas o comportamento do ex-ministro nos treinamentos prévios à CPI, no final de semana, deixou os militares preocupados.
Num
dos momentos de maior tensão, o ex-ministro se exasperou e começou a dizer que
não iria admitir ser abandonado, por que estava cumprindo uma missão como
oficial da ativa.
A
expressão acendeu um alerta no Exército, preocupado com a forma como Pazuello
pudesse descrever sua atuação no ministério. Foi por isso que, além de reforçar
a ordem para que Pazuello não ostentasse seu vínculo com a força no depoimento,
o comandante Paulo Sérgio decidiu também procurar o senador Omar Aziz.
Na
conversa, na segunda-feira à noite, Aziz garantiu que a CPI ouviria
Pazuello como ministro e não como general ou militar – a pessoa física e não a
pessoa jurídica, como ele mesmo disse na conversa, segundo fontes próximas a
Aziz.
O
presidente da CPI e o comandante do Exército se conhecem há muitos anos. O
senador foi governador do Amazonas quando o general era comandante da 12ª
Região Militar, com sede em Manaus. O general Paulo Sérgio passou dez anos na
Amazônia em diferentes funções.
Na conversa com Omar Aziz, o comandante também informou em primeira mão ao presidente da CPI que Pazuello talvez não pudesse prestar ao depoimento porque dois coronéis com quem ele tinha estado no final de semana estavam com suspeita de Covid.
Um desses coronéis é Elcio Franco, ex-secretário-executivo de Pazuello, que também acompanhou o treinamento do ex-ministro no Palácio do Planalto, no final de semana. A suspeita de Covid foi depois confirmada, e Pazuello conseguiu adiar o depoimento para o dia 19 de maio.
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