Por Cristian Klein e Rodrigo Carro / Valor Econômico
RIO
- A visita do presidente Jair Bolsonaro ao governador do Rio de Janeiro, realizada
ontem, significou uma demonstração de força de Cláudio Castro (PSC), num
momento em que o chefe do Executivo estadual fluminense prepara o terreno de
alianças visando a aglutinar partidos para disputar a reeleição no ano que vem.
Castro
deslanchou uma reforma no secretariado, que começou com trocas nas pastas da
Fazenda, assumida pelo contador e professor universitário Nelson Rocha, e da
Saúde, onde o PP indicou o médico e major do Corpo de Bombeiros Alexandre
Chieppe. O governador, apurou o Valor,
ofereceu ao PL outra pasta de grande orçamento, a de Educação, atualmente
comandada por Comte Bittencourt (Cidadania), e planeja aumentar o espaço do
Republicanos, que hoje já está à frente das secretarias de Trabalho e Renda e
de Ciência, Tecnologia e Inovação.
A troca na Secretaria de Saúde, em meio à pandemia, foi avalizada pelo presidente nacional do partido, Ciro Nogueira (PP-PI), e pelo presidente da Câmara dos Deputados - que se aproximaram de Castro durante a campanha de Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Casa -, mas teve como principal fiador o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ). Líder da sigla no Estado, Luizinho chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Saúde após a saída de Eduardo Pazuello.
Ao
assumir o cargo em definitivo no sábado - depois do impeachment de Wilson
Witzel (PSC) na véspera - Castro passou a priorizar o projeto de reeleição, o
que o está levando a uma reorientação dos critérios de formação da base aliada.
Se antes o foco era a governabilidade e o apoio da colcha de retalhos da
Assembleia Legislativa (Alerj), manejados com indicações mais personalistas
para o secretariado e que tomavam como parâmetro o peso dos partidos na Casa,
agora as atenções estão voltadas para a atração das legendas mais poderosas
nacionalmente, como PP, PL e Republicanos. São elas que poderão lhe dar mais
tempo de TV e recursos do fundo partidário para os candidatos da coligação.
“Essas
trocas visam à reeleição. O PP será um partido muito importante para o governador.
É natural que o Cláudio redefina as várias secretarias, despersonalizando-as e
partidarizando-as”, afirma o deputado federal Otoni de Paula (PSC), que deve se
filiar ao Republicanos para concorrer ao Senado.
Segundo
o parlamentar, Castro “fez uma boa sinalização” ao seu futuro partido, em
conversas com a direção estadual e o presidente nacional da sigla, Marcos
Pereira, no sentido de ampliar o espaço que a legenda já tem.
Ao
selar a aliança com o PP, Castro também busca um abrigo partidário, já que sua
ida para o PSD foi praticamente inviabilizada com a saída, noticiada na
terça-feira, do prefeito do Rio, Eduardo Paes, do DEM para a sigla presidida
nacionalmente pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. “O Claudio está
fazendo um movimento em direção ao PP, mas o partido já disse que não pode
garantir alocação de recurso para a campanha dele”, afirma uma fonte, que
preferiu não de identificar, lembrando que a prioridade da legenda para a
eleição a governador é emplacar Ciro Nogueira como governador do Piauí.
Questionada
se a troca de comando na Fazenda fluminense poderia interferir na adesão do
Estado ao novo Regime de Recuperação fiscal, a assessoria da pasta limitou-se a
informar que o pedido de ingresso no RRF “será entregue, seguindo o cronograma
de trabalho, até o fim do mês de maio.”
“Só falta o Rio de Janeiro pedir a adesão mesmo. Assim que eles pedirem, o trâmite é rápido no Ministério da Economia”, diz um interlocutor próximo à pasta federal. Uma vez protocolado o pedido, o Ministério da Economia tem até 20 dias para verificar o cumprimento dos requisitos previstos em lei e até dez dias para publicar o resultado desta análise.
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