quinta-feira, 6 de maio de 2021

Lula reúne-se com Kassab e Maia e conversa sobre articulações estaduais

Ex-presidente será recebido hoje pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco

Por Andrea Jubé e Maria Cristina Fernandes / Valor Econômico

BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou na manhã de ontem o deputado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ), em Brasília. O encontro, segundo interlocutores que o testemunharam, girou em torno da formação de palanques estaduais, preocupação central do ex-presidente para a montagem de sua candidatura em 2022.

No Rio, Lula tem acenado com a possibilidade de vir a apoiar o deputado federal Marcelo Freixo (Psol), com quem também se encontrou em sua passagem por Brasília, para o governo do Estado. Maia e Freixo têm um bom diálogo. A maior dificuldade para o apoio de Maia ao deputado é do próprio partido de Freixo, que se manifestou contra alianças à direita.

No grupo político de Maia, porém, há a expectativa de que Freixo possa vir a mudar de partido para facilitar a montagem de um palanque mais amplo.

Depois de se desentender com o presidente do DEM, o ex-prefeito de Salvador Antonio Carlos Magalhães Neto, Maia anunciou que deixaria a sigla. Não definiu, porém, a legenda à qual se filiará. Como Maia joga em dobradinha com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, espera-se que o deputado tome o mesmo rumo: o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

Kassab foi recebido ontem por Lula no hotel onde o ex-presidente está hospedado, em encontro também acompanhado pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Ele saiu sem falar com a imprensa.

Há duas semanas, uma entrevista de Kassab ao Valor irritou o Palácio do Planalto, porque o dirigente declarou que o presidente Jair Bolsonaro não deve chegar ao segundo turno na sucessão presidencial devido ao desgaste na gestão da pandemia.

Kassab tem afirmado que o PSD terá candidatura própria à Presidência. Se não lançar candidato, a tendência é que o partido assuma uma postura de neutralidade no pleito de 2022 pelas diferenças regionais. Na Bahia, por exemplo, o senador Otto Alencar, que esteve na terça-feira com Lula, é aliado do PT.

Também se reuniram ontem com Lula: o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), o primeiro vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM) e o líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões (AL). O PT não divulgou a agenda completa de reuniões de Lula.

O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), disse ao Valor que a maratona de reuniões de Lula na capital federal foi organizada para “aproveitar o momento político de protagonismo dele”, diante da restituição de seus direitos políticos pelo STF.

Rocha contou que as conjunturas nos Estados e os possíveis palanques para 2022 foram temas ventilados nas conversas.

Ainda hoje, Lula deve se encontrar com o novo embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, e com o embaixador da Argentina, Daniel Scioli.

Ele também será recebido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Amanhã, antes de retornar a São Paulo, Lula deve tomar café da manhã com o ex-presidente José Sarney.

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