Lúcio
Cardoso está de volta às livrarias; quem nunca o leu levará um susto
Em
1957, Lúcio
Cardoso (1913-68) pediu emprego numa agência de propaganda. Para ser
contratado, teve de submeter-se a uma redação. Foi reprovado. O profissional
que o avaliou não sabia quem ele era. Ou talvez soubesse muito bem, razão pela
qual achou que ele não serviria —e teria razão. Não seria preciso ler “Crônica
da Casa Assassinada”, o romance que Lúcio estava escrevendo naquele ano,
para saber que ele não se daria bem entre anúncios de sabão de coco ou palha de
aço.
Há anos, em meu livro “Ela é Carioca”, arrisquei que, se o Brasil um dia acordar para Lúcio Cardoso, haverá quem se pergunte sobre onde estávamos com a cabeça. Lúcio foi ignorado por não ser “realista”, nem de “esquerda”, nem de “vanguarda” ou qualquer exigência então em moda. Era um autor de livros com mais reflexão que ação, passados nos quartos escuros da alma, num ritmo que não se media por relógios.
“Crônica da Casa Assassinada” está de volta às livrarias depois de longa ausência. A literatura brasileira, subitamente mais adulta, agradece.
Nenhum comentário:
Postar um comentário