O Estado de S. Paulo
Se tem um povo que sabe falar de inflação,
é o nosso
Se tem um povo que sabe falar de inflação,
é o nosso. Nós aprendemos a lidar com esse monstro há tempos, embora nesses
últimos anos estivéssemos mais desligados do assunto. Mas, neste ano, voltamos
a olhar para o aumento de preços com mais apreensão. A previsão é que o IPCA
esteja perto de 6% no acumulado de 2021, portanto acima do teto da meta
prevista para o Banco Central.
O aumento da inflação assusta, mas não é para entrarmos em pânico. Devemos ter maior atenção com o orçamento familiar, que exige maior controle e também com os nossos investimentos. Alterações nas carteiras dos investidores ajudam a manter os efeitos inflacionários sob controle e podem levar a ganhos. Deve-se investir inteligentemente, o que significa reestruturar sua carteira estrategicamente, realocando ativos para minimizar o risco.
Neste momento deve ser buscado novo
equilíbrio entre renda fixa e renda variável. Uma questão importante, aqui e no
exterior, é se os títulos do Tesouro e as ações continuarão negativamente
correlacionadas. Em outros termos, quando os preços dos títulos sobem, os das
ações caem.
Com a inflação subindo, o Banco Central
está aumentando os juros, e a previsão para o final do ano é estarmos com a
Selic em 6,5% ao ano. Essa subida da taxa, em tese, favorece a renda fixa. Mas,
escolher dentro da renda fixa o título mais adequado, é importante.
Exemplificando com títulos do Tesouro Direto: o título Tesouro IPCA+2026, que
paga uma taxa fixa mais a variação do IPCA, atualmente oferece uma
rentabilidade líquida de 6,5% ao ano, simulação considerando a inflação média de
3,9% ao ano. Aplicando no Tesouro prefixado para vencimento também em 2026, a
rentabilidade líquida oferecida é de 7,17% ao ano, mas o risco da inflação fica
com o investidor. Já na aplicação no Tesouro Selic, o título que acompanha a
variação da taxa de juros, a rentabilidade líquida é de 5,92% ao ano, mas com
vencimento em 2027.
Sempre busque casar o vencimento do título
com o seu objetivo. O resgate antecipado expõe o investimento ao risco de
mercado, o que significa que, caso ocorra a subida de juros, o valor do título
cai. Outra opção são os fundos de renda fixa atrelados à inflação, mas
preocupe-se com a taxa de administração.
Também são interessantes os fundos de
índices (ETFs - Exchange
Trade Funds) atrelados à inflação que são negociados na Bolsa de
Valores. Opção natural neste momento, os fundos imobiliários são temerários por
conta da proposta do governo para que esses fundos comecem a pagar Imposto de
Renda sobre a rendimentos distribuídos.
Por outro lado, para aqueles com mais
apetite por risco, a Bolsa ainda mostra espaço para crescimento. Neste caso,
busque ações de empresas que podem se beneficiar com a inflação, como bancos,
seguradoras, exportadoras e varejo, por exemplo. Mas sempre analisando com
muito cuidado e diversificando.
*Professor de finanças da FGV-SP
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