quinta-feira, 1 de julho de 2021

Ricardo Noblat - Sete perguntas que senadores gostariam de fazer a Bolsonaro

Blog do Noblat / Metrópoles

A resposta é o silêncio

Depois de ouvirem o presidente Jair Bolsonaro dizer que a CPI da Covid-19 é integrada por sete bandidos, e que não será à base de mentiras que perderá o cargo, um grupo de quatro senadores, a pedido deste blog, elaborou uma lista de perguntas que gostariam de fazer a ele.

É mentira que recebeu os irmãos Miranda no dia 20 de março último no Palácio da Alvorada, um sábado?

É mentira que citou o nome de Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, como o de quem estaria por trás dos rolos de corrupção no Ministério da Saúde?

É mentira que prometeu aos irmãos Miranda acionar a Polícia Federal para apurar tudo o que eles lhe contaram?

É mentira que preferiu não acionar,  uma vez que não há registro por escrito, nem no Palácio do Planalto, nem na Polícia Federal, que isso tenha acontecido?

É mentira que, em seguida ao encontro, fez chegar rapidamente a Barros o que ouviu dos irmãos Miranda?

É mentira que, em outubro de 2020, vetou a demissão do diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, pedida pelo general Eduardo Pazuello, então ministro?

É mentira que pelo menos um dos seus filhos zero participou de reuniões sobre a compra de vacinas?

Vai, Bolsonaro, os brasileiros têm o direito de saber.

Nem pensão Lyra pagará se desfizer o casamento com Bolsonaro

O presidente da Câmara é cada vez mais o senhor do destino do presidente da República

O que é materialidade? Segundo os dicionários, é qualidade daquilo que é material, real. Falta materialidade aos 125 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, é o que acha Arthur Lyra (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, e por isso nenhum deles será aceito por ele.

Lyra deveria ter sido perguntado sobre o que entende por materialidade, e por que ela não existe em nenhum dos pedidos apresentados. Ontem, foi apresentado mais um, batizado de super pedido por reunir as razões expostas nos 125 pedidos anteriores, e ser assinado por partidos de esquerda e ex-bolsonaristas.

Justificou-se Lyra: ”O que houve nesse superpedido? Uma compilação de tudo o que já existia. Depoimentos quem tem que apurar é a CPI. Então ao final dela a gente se posiciona aqui, porque na realidade o impeachment como ação política a gente não faz com discurso, a gente faz com materialidade.” Quer dizer então que se a CPI da Covid-19, com base nos depoimentos que colher e nos fatos que investigar, concluir que Bolsonaro deve ser processado por crimes de responsabilidade, Lyra aceitará fazê-lo? Lorota! Bolsonaro fraco e refém dele faz de Lyra um presidente forte da Câmara e de muito além.

Lyra bate na CPI sempre que pode, mas ela serve aos seus propósitos. No último dia 22, em cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que Lyra “faz um trabalho excepcional”. Para ele, Executivo e Legislativo são “um casal”. E referiu-se assim aos Poderes da República, deixando de fora o Judiciário:

“Costumo sempre dizer que não são três poderes, são dois poderes. É o Judiciário e nós para o lado de cá, porque nós formamos heteramente um casal”.

Bolsonaro imagina-se o chefe do casal. Nas condições em que ele se encontra e que só tendem a piorar, o chefe é cada vez mais o presidente da Câmara, o poderoso chefão de votos, dono de orçamento bilionário, particular e secreto. Se Lyra, um dia, desfizer o casamento, nem pensão pagará a Bolsonaro.

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