Presidente do Senado pode deve decidir sobre candidatura presidencial até fevereiro
Por André Guilherme Vieira / Valor Econômico
SÃO PAULO - Em evento empresarial em São
Paulo onde foi tratado como presidenciável, o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (DEM-MG), demarcou distância em relação ao presidente Jair Bolsonaro e voltou
a sinalizar contra o pedido de impeachment apresentado contra o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Falando para uma plateia de 150 empresários
da construção civil de São Paulo, durante convenção sobre mercado imobiliário
realizada ontem pelo Secovi, Pacheco disse que “amor à pátria não é vestir uma
camisa verde-amarela e empunhar uma bandeira. É trabalhar duro pela
estabilidade do País”. Segundo Pacheco, “da firmeza do Senado Federal ninguém
pode duvidar”.
“Não
admitimos nenhum tipo de retrocesso ao Estado de direito e à democracia no
nosso país. Não há outro mecanismo para se ter ordem e progresso no país que
não seja em ambiente democrático”, completou.
Indagado, durante o evento, se será candidato a presidente, Pacheco esquivou-se. “O Brasil não precisa de candidatos. Precisa de presidente. E de presidente que tenha compromisso com o Brasil e possa unir o Brasil. Meu compromisso é com a estabilidade do país, de modo que não me permito tratar de 2022, sob pena de ser um fator de instabilidade. As eleições serão discutidas no momento certo e aí eu, como político de um Estado com a tradição que tem Minas Gerais, me posicionarei no momento oportuno”.
Pacheco disse que pedirá parecer à
Advocacia-Geral do Senado sobre a representação feita por Bolsonaro pedindo o
impeachment de Moraes. Mas reiterou que não vê fundamentação técnica no pedido.
Ele também defendeu a rejeição à volta das coligações proporcionais, aprovada
neste mês pela Câmara dos Deputados.
O presidente do Senado tem sua
pré-candidatura presidencial construída desde o início do ano pelo presidente
do PSD, Gilberto Kassab, e foi tratado pelos empresários da construção civil
como um presidenciável da terceira via. Presente no encontro, Kassab disse ao Valor que
o presidente do Senado deve decidir até fevereiro do ano que vem se sairá
candidato, “com boa margem de tempo para chegar a um patamar de 25% de votos
que o colocaria no segundo turno, na hipótese de optar pela candidatura”.
Kassab afirmou, durante painel de perguntas
e respostas, que o fato de Pacheco ser desconhecido o coloca em vantagem com
relação a outros candidatos, por ainda não existir rejeição a ele.
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos
(PL-AM), sugeriu o nome de Pacheco para disputar a Presidência como solução
“intermediária” em meio ao ambiente político polarizado. “Precisamos de alguém
que possa representar isso e esse alguém pode estar aqui”, disse.
Na sexta-feira e no sábado Pacheco cumpriu
um périplo de reuniões feitas com empresários da associação comercial, médicos
e advogados da elite paulistana - os encontros foram agendados por Kassab, que
além de atuar como cicerone político de Pacheco, tem hospedado o presidente do
Senado em seu apartamento, em São Paulo.
Durante o almoço, o presidente do Secovi,
Basilio Jafet, fez dura crítica ao presidente Jair Bolsonaro: “A política não
admite vácuo e hoje nós temos um enorme vácuo de liderança, não temos um
condutor, um estadista que seja capaz de levar o Brasil a porto seguro no meio
de tudo isso que estamos enfrentando, alguém em quem confiemos.” O empresário
afirmou, ainda, que “em não aceitando vácuo, a política vai encontrar novas
pessoas que possam conduzir a bom termo o país”.
A movimentação em torno de Pacheco causou
incômodo no ministro da Economia, Paulo Guedes, “Estão lançando o presidente do
Senado candidato, é um pouco antes da hora”, disse em evento promovido pela
Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “O presidente do Senado foi
atraído pela CPI”, disse, referindo-se à Comissão Parlamentar de Inquérito da
Covid. (Colaborou Estevão Taiar)
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