Um dos possíveis motivos pelos quais as
manifestações convocadas pelo MBL e o VPR não tenham sido massivas talvez seja
o fato de que elas não foram efetivamente unitárias. Em muitos desses atos
pelo Brasil havia cartazes e bandeiras contra Lula e o PT e houve registros de
incidentes com partidários do candidato do PDT, Ciro Gomes.
Para que os protestos contra Bolsonaro sejam unitários é necessário que os atos
contem com o consenso de todas as forças políticas
democráticas. Candidaturas ou propostas de terceira via devem ser
colocadas em espaços próprios, evitando a instrumentalização das manifestações.
A primeira tarefa dos democratas seria que movimentos sociais e partidos políticos democráticos se sentassem à mesa para eleger uma coordenação conjunta que estabelecesse algumas questões.
Antes de tudo, um comando político para definir a orientação geral, bem como
definir propostas, bandeiras e palavras de ordem consensuais a serem divulgadas
oficialmente por essa coordenação. Bandeiras e palavras de ordem unitárias
que devam ser levadas às redes sociais e às ruas em todo Brasil. Também caberia
a essa coordenação estabelecer formas de luta conjunta calendário de atos e
manifestações.
É possível juntar e estabelecer consensos entre forças políticas tão díspares?
Sim. A CPI da COVID instalada no Senado é uma mostra de que ação de forças
políticas democráticas distintas pode ter pontos comuns, como a defesa da saúde
pública, da moralidade administrativa, do apoio social as vítimas econômicas da
pandemia, bem como a defesa das instituições democráticas.
Como a história do Brasil recente demonstra desde a frente ampla com
partidários de Juscelino Kubitschek, João Goulart, Carlos Lacerda e PCB,
passando pela luta pela anistia e pelas diretas já e em torno da candidatura de
Tancredo Neves, com a unidade dos setores democráticos foi vencer o regime
ditatorial de 1964.
Que esse espírito prevaleça nos próximos atos dos dias 3/10 e 15/11 que estão a ser organizados consensualmente entre movimentos sociais e partidos políticos democráticos.
* Jornalista e cartunista do jornal Agora
São Paulo e autor dos livros Era uma vez em Praga – Um brasileiro na Revolução
de Veludo e Lênin, Martov a Revolução Russa e o Brasil, entre outros.
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