Folha de S. Paulo
Gesto de Queiroga traduz o discurso
mentiroso do presidente
Nenhuma surpresa de que o Jair
Bolsonaro que deu as caras na Assembleia-Geral da ONU é aquele que
conhecemos desde sempre: canalha e ególatra. Pelo terceiro ano consecutivo, o
presidente fez o que faz cada vez melhor: mentiu.
Quem achou que seria diferente não entendeu
nada sobre o seu caráter. Bolsonaro não é um sujeito moderado, jamais será.
Seus raros recuos não significam mudança nenhuma em sua forma de fazer política
e de nos representar. Tal qual a parábola do sapo e do escorpião, ele é capaz
de morrer afogado, mas nada o fará trair suas convicções e transformar sua
natureza autoritária.
O que ainda me surpreende é que o país continue mais um ano e três meses refém desse mitômano, que usou o palco da ONU apenas para reafirmar o que já sabemos: é um presidente que fala e governa apenas para uma pequena parte da população, aquela que acredita nesse Brasil utópico criado em sua cabeça.
Se existisse, esse país descrito na ONU
seria quase um paraíso. Só não digo que gostaria de morar lá porque seria um
paraíso habitado por zumbis idiotizados, que aplaudem o rosário de delírios
desfiado por Jair. Um lugar sem corrupção, com florestas preservadas, economia
bombando, onde família é mamãe, papai e filhinho e todos são mais espertos que
o resto do mundo e tomam cloroquina.
Bolsonaro, em seu discurso, ignora não
apenas a realidade como também os milhões de brasileiros que não se encaixam no
conto de fadas que ele insiste em repetir sobre o país. Despreza a diversidade
cultural, sexual, política e religiosa que sempre nos fez um caldeirão invejado
pelo mundo, apesar dos pesares.
Não temos presidente. Bolsonaro odeia o
Brasil. Não à toa, vem do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o gesto que
melhor traduz o discurso mentiroso do presidente, em Nova York: um dedo do meio
na cara de cada um dos brasileiros que ele não representa.
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