Folha de S. Paulo
Oposição do país fez a lição de casa para
enfrentar Orbán
A oposição húngara poderá até perder a
eleição do ano que vem para o grupo do premiê Viktor Orbán, mas, se isso
ocorrer, não terá sido por falta de coordenação e desprendimento. A coalizão de
seis partidos que se opõem a Orbán é um saco de gatos. Inclui desde
conservadores religiosos até a centro-esquerda, passando pelos liberais. Mas
eles estão fazendo tudo
certo para tentar destronar o premiê, no poder desde 2010. Orbán é
provavelmente o caso mais bem-sucedido de dirigente que se valeu da democracia
para minar as instituições do país e converter-se num autocrata.
Os entendimentos entre os oposicionistas começaram em dezembro passado, quando concordaram em lançar um candidato único. Agora, após a realização de prévias, anunciaram o nome do católico conservador Péter Márki-Zay. Antes mesmo dessa votação, um líder progressista bem cotado para a disputa desistiu da candidatura em favor de Márki-Zay por entender que um conservador tem mais chances de triunfar.
A missão dos oposicionistas é difícil. Entre
as muitas medidas democraticidas de Orbán está
o redesenho dos distritos eleitorais de modo a beneficiar a si próprio. No pleito
de 2014, seu grupo logrou controlar 2/3 do Parlamento tendo obtido apenas 42%
dos votos. Para contrapor-se a essa muralha, a coalizão concordou em lançar
candidato único em cada um dos 106 distritos e lista comum para as 93 cadeiras
do sistema proporcional. Isso significa que uma legião de políticos dos seis
partidos não poderá concorrer.
Não é todo dia que isso acontece, mas
também não é nunca. Em Israel, uma improvável coalizão entre esquerda, direita,
extrema direita e árabes se formou para expulsar Netanyahu do cargo de premiê.
Conseguiram.
Enquanto isso, no Brasil, a oposição a Bolsonaro não consegue se entender nem sobre o dia de fazer manifestações. Quem quer ver Bolsonaro fora deve contar mais com a inflação que com a oposição.
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