Folha de S. Paulo
Presidente fez gesto para agitar base
radical e personagens que operam no submundo político
Jair Bolsonaro acorda todos os dias ao lado
do centrão, mas tem tempo para seus velhos amigos. Num evento no Planalto, o
presidente saiu em
defesa de personagens como o parlamentar preso por ameaçar um
ministro do STF, um coordenador da milícia digital bolsonarista e um político
cassado por espalhar mentiras sobre as urnas eletrônicas.
Depois de receber críticas pelo abandono de aliados, Bolsonaro ofereceu apoio público a colaboradores com problemas na Justiça: o deputado federal Daniel Silveira, o blogueiro Allan dos Santos e o deputado estadual cassado Fernando Francischini. O presidente fez o gesto para agitar sua base radical e reativar a máquina de ódio, fake news e golpismo que pretende usar em 2022.
Três meses depois de uma trégua simulada
com o Supremo, Bolsonaro voltou as baterias novamente para a corte e criticou
decisões de Alexandre de Moraes contra seu pessoal.
O presidente insinuou que o ministro passou
dos limites ao prender Silveira (que disse imaginar Edson Fachin levando "uma
surra bem dada com um gato morto até ele miar") e ao determinar
a prisão de Allan (por espalhar informações falsas).
Bolsonaro também voltou a alimentar a turma
que trabalha para melar as eleições do ano que vem caso ele seja derrotado. O
presidente repetiu
acusações falsas de fraude nas urnas feitas por Francischini e
exaltou o parlamentar cassado. "Mostrou a verdade!", afirmou.
Para Bolsonaro, ficar sem essa tropa em
2022 é um grande pesadelo, mas não o único. Nesta quinta-feira (9), ele
criticou investigações sobre os ataques e mentiras que costuma soltar nas
redes. "Será que vão querer bloquear minhas mídias sociais?",
perguntou. "Vão querer quebrar uma perna minha?"
Na semana passada, Bolsonaro fechou acordo
para ter acesso à verba eleitoral, à propaganda na TV e às estruturas
partidárias do centrão.
Ainda assim, ele mostra que não vai abrir mão das operações do submundo da
política, que impulsionaram sua última campanha.
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