O Estado de S. Paulo
Interesse acontece porque Pérsio Arida foi coordenador do programa econômico de Geraldo Alckmin
É muito mais simbólica do que uma realidade
efetiva a aproximação do economista Pérsio Arida com o petista Aloizio
Mercadante.
Os dois se reuniram
por mais de uma hora e meia, na semana passada, e o vazamento do encontro, que
ocorreu na Fundação Perseu Abramo (reduto do pensamento econômico do PT),
agitou o mundo político e empresarial.
O interesse geral
em torno dessa liga acontece porque Pérsio Arida foi coordenador do programa
econômico de Geraldo Alckmin nas eleições de 2018, e o ex-governador de São
Paulo se mudou para o PSB para ser vice na chapa de Lula, ainda não
oficializada.
Com a aliança política, é natural imaginar que Alckmin venha a ter influência nas costuras em torno de um acordo programático em temas econômicos.
Mas há dúvidas se
conseguirá se impor, num ambiente ainda muito hostil a ele dentro do PT, para
angariar ascendência na definição das diretrizes de política econômica de um
eventual terceiro mandado do ex-presidente Lula.
Outra incógnita é
se os economistas próximos ao governador se sentirão confortáveis a entrar nas
discussões com os economistas do “PT raiz”. Os dois grupos têm pensamentos
diferentes e conflitantes em muitos casos.
Ao Estadão, Pérsio
disse na terça-feira que foi uma conversa de ideias sobre propostas para o
País, mas sem nenhum tipo de acerto com a candidatura do ex-presidente Lula nas
eleições presidenciais deste ano.
Mercadante, por
outro, transmitiu a vários jornalistas a mesma mensagem depois que a informação
sobre o encontro foi revelada pela agência BAF: “Não há necessariamente
compromisso com o programa de governo”.
O movimento de
Mercadante tem dois endereços. De um lado, condiz com o movimento político que
o Lula está construindo para ganhar a eleição diante de um adversário, o
presidente Bolsonaro, disposto a tudo e com a chave do cofre na mão.
Por outro lado,
fala para dentro do PT ao sinalizar que o partido está conversando, mas o programa
é do partido, que vai incorporar o que julgar relevante.
O segundo recado é importante no momento em que saiu a notícia da colunista Malu Gaspar do jornal O Globo de que o ex-ministro José Dirceu tem mantido reuniões com empresariado e estaria sinalizando que o ministro da Economia seria mesmo político. A intriga que se espalhou nos bastidores em seguida é que não haveria ninguém do PT em postos importantes da equipe econômica. Borbulhas explosivas para o momento atual de pré-candidatura.
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