Folha de S. Paulo
Eleitor reage com rapidez a inflação e
lança responsabilidade sobre o presidente
Os candidatos a presidente encontrarão na
campanha um eleitor sensível aos sobressaltos da economia. Depois de terem
flertado com um certo otimismo no fim do ano passado, os brasileiros voltaram
a enxergar tempos difíceis com o novo choque da inflação.
Em dezembro, o Datafolha havia registrado uma melhora das expectativas econômicas da população. Naquela época, o índice de entrevistados que diziam esperar uma subida de preços passou de 69% para 46%. Os primeiros meses de 2022, com a disparada dos combustíveis e a resistência da inflação dos alimentos, viram uma reversão desse alívio.
Hoje, três de cada quatro brasileiros acham
que os preços vão subir mais –uma proporção comparável à registrada nos piores
momentos da pandemia. A variação dos números reflete o peso que o tema terá na
eleição e o risco à tendência de recuperação projetada por Jair Bolsonaro.
A nova pesquisa registrou um aumento
generalizado de sentimentos negativos em relação à economia em todos os níveis
de renda, regiões e grupos partidários. No caso dos eleitores mais pobres, 76%
dizem esperar mais inflação, e 55% acham que o desemprego vai subir.
Esse ambiente é especialmente perigoso para
Bolsonaro porque a percepção de mal-estar econômico ficou atrelada, em larga
medida, à atuação do governo: 75% dos entrevistados atribuem ao presidente
muita ou alguma responsabilidade pela nova onda de alta de preços, e 68% dizem
o mesmo sobre o aumento específico dos combustíveis.
O mau humor abala uma linha mestra do
discurso de Bolsonaro sobre o assunto: a
transferência de responsabilidades para outros atores. Ainda que a guerra
tenha desorganizado o mercado de petróleo e a Petrobras pratique sua política
de preços com certa liberdade, a maioria do eleitorado ainda liga o presidente
à gasolina mais cara.
Saio de férias pelas próximas semanas e
volto em maio. Até lá!
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