quinta-feira, 31 de março de 2022

João Doria*: Obrigado, São Paulo

Folha de S. Paulo

Bons gestores também devem ter a capacidade de agir diante do improvável

Atendo nesta quinta-feira (31) à convocação do meu partido, consagrada pelo voto de todos os filiados, para que o PSDB lidere um projeto de paz social e desenvolvimento sustentável capaz de oferecer emprego e oportunidades a todos os brasileiros. Cumpro o preceito legal, que determina a desincompatibilização do governo de São Paulo, para iniciar nossa caminhada rumo à Presidência da República.

Nesses 39 meses de gestão enfrentamos os mais complexos, raros e agudos desafios da vida pública. O compromisso democrático das instituições, a necessidade de fazer o que é certo —e não o mais fácil—, a colaboração num mundo global e a resiliência do nosso povo foram testados como poucas vezes na história.

Os bons gestores devem ser avaliados não apenas pelos resultados prometidos, mas sobretudo pela capacidade de agir diante do improvável. Nessas horas, lembro sempre dos valores expressos pelo meu pai na carta de 11 de abril de 1964, na qual comunicou à minha mãe sua partida de urgência ao exílio, depois de ser cassado pela ditadura militar: "Tenha coragem, tranquilidade e prudência".

Com coragem, tranquilidade e prudência, conseguimos superar a pandemia, retomar obras e criar empregos. A vacina salvou vidas. Preservou famílias. Investimos em ciência em São Paulo mais do que o governo federal investe no Brasil. Implantamos os mais inovadores programas sociais e de proteção aos mais pobres. Contratamos mães desempregadas para as escolas, criamos uma bolsa para garantir a presença dos alunos carentes, evitando a evasão escolar, e fornecemos absorventes gratuitos para alunas da rede pública.

Valorizamos a dignidade e a autonomia das mulheres em projetos de empreendedorismo que favoreceram sobretudo as mais pobres e negras. Multiplicamos por dez o número de alunos em tempo integral.

Alcançamos os menores índices de crimes violentos da nossa história graças à prevenção e às ações de inteligência das forças de segurança do estado.

Fizemos de São Paulo um dos raros lugares do mundo com crescimento econômico durante a crise sanitária. Em três anos, saímos de um déficit orçamentário de R$ 10 bilhões para investimentos próprios de R$ 50 bilhões. Retomamos obras paradas. E estamos entregando, dentro do prazo, cerca de 8.000 obras contratadas com recursos do estado. A despoluição do rio Pinheiros é uma realidade, com a ligação de 553 mil imóveis à rede de saneamento —o equivalente a uma cidade como Porto Alegre.

São Paulo construiu, recuperou e sinalizou mais quilômetros de estradas do que o governo federal fez em todo o Brasil. As obras do nosso governo criaram mais de 200 mil empregos diretos, com carteira assinada. Batemos o recorde de investimentos privados: R$ 265 bilhões. Em 39 meses, São Paulo cresceu cinco vezes mais que a média nacional.

Por tudo isso, só posso dizer: obrigado, São Paulo! Obrigado aos 46 milhões de habitantes que nos ajudaram a vencer os desafios e a retomar a esperança. Vocês renovaram meu amor à pátria e minha fé em Deus. Vamos superar os erros dos governos que nos colocaram na maior crise da nossa história. Vamos juntos, Brasil, construir o projeto que vai colocar o país e nosso povo em outro patamar de desenvolvimento e de qualidade de vida.

Estou pronto para entregar o melhor de mim, para formar uma brilhante equipe de governo e realizar a transformação que todos queremos. Penso novamente nas palavras do meu pai, naquele momento mais difícil da sua vida: "Tenho a consciência tranquila de que cumpri o meu dever. Não me arrependo das posições que assumi".

A história não se repete. Mas deixa lições. Continuarei a trabalhar, de forma incansável, para que a prosperidade acabe com a pobreza. Que o diálogo substitua o conflito. Que a paz vença o ódio.
Obrigado, São Paulo! Vamos juntos, Brasil!

*Governador de São Paulo (PSDB), ex-prefeito de São Paulo (jan.2017 a abr.2018) e empresário; pré-candidato do partido à Presidência da República

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