O Estado de S. Paulo
Um varal com fisionomias sorridentes de
Jair Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva, amarrado em postes diante do
Memorial JK, em Brasília, é o retrato da polarização na campanha eleitoral.
Penduradas ali, toalhas de praia com as fotos do presidente e de seu maior
adversário na disputa são vendidas por R$ 60.
A crise econômica atrapalha as vendas,
muita gente pechincha, mas o movimento aumenta no fim de semana. “Cadê a canga
da terceira via? Virou fantasma?”, perguntou o ex-deputado Marcus Pestana, pré-candidato
do PSDB ao governo de Minas, ao passar pelo local. Ninguém sabia, naquela
calçada, o que era terceira via.
Defensor de uma candidatura única do chamado “centro democrático” para a sucessão de Bolsonaro, Pestana avalia, porém, que é o PSDB, e não o MDB, quem deve liderar a chapa, caso queira se manter no mapa político. “Se houver fragmentação, será a crônica da morte anunciada”, disse o ex-deputado, um dos coordenadores das prévias tucanas.
A cúpula do PSDB tenta convencer o
ex-governador João Doria a desistir da disputa para dar lugar à senadora Simone
Tebet (MDB), mas ele ameaça entrar com recurso ao Tribunal Superior Eleitoral
para se manter no páreo, sob o argumento de que venceu as prévias, em 2021.
Em vídeo postado nas redes sociais, Doria
veste agora o figurino de “João do Brasil”, aquele que se mostra capaz de
“tirar o possível até no impossível”. É uma clara referência ao racha no PSDB,
pois a justificativa para tirá-lo da disputa tem como base a sua alta rejeição.
Na prática, tanto Doria quanto Tebet
apresentam índices muito baixos de intenção de voto. O ex-governador se sente
traído. “O jogo já foi decidido na bola, não cabendo qualquer modificação do
seu resultado no tapetão”, escreveu Doria, em carta dirigida ao presidente do
PSDB, Bruno Araújo.
Diante do impasse, uma ala do PSDB assumiu
o discurso do “nem-nem” e quer lançar o senador Tasso Jereissati (CE).
A ideia é que Tasso encabece a chapa, mas,
caso não haja acordo, seus aliados dizem que ele também pode ser vice de Tebet.
Os defensores dessa “solução” alegam que a senadora tende a ser “rifada” na
convenção do MDB porque o partido está dividido entre o apoio a Lula e a
Bolsonaro. E, se isso ocorrer, Tasso assumiria a candidatura. Só esqueceram de
combinar com os russos. No caso, com o próprio Tasso.
Enquanto a brigalhada nas fileiras tucanas
continua, as fotos de Lula e Bolsonaro tremulam, sem concorrentes, nas toalhas
de praia dispostas diante do Memorial JK.L
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