É preciso ficar de olho nas nomeações finais de Bolsonaro
O Globo
No fim de governo, presidente usa caneta
para distribuir agrados a aliados e tentar se proteger
O presidente Jair Bolsonaro ficou muito
tempo isolado no Palácio da Alvorada depois de perder a eleição, mas isso não o
impediu de tomar medidas para ajudar aliados que colocarão o novo governo
diante de desagradáveis fatos consumados. Sem dar expediente no Planalto
durante 20 dias, Bolsonaro usou a caneta para fazer nomeações cujo único
sentido para quem está próximo a deixar o cargo é tentar se proteger de futuros
problemas judiciais.
Entre elas, estão as do ministro da Secretaria de Governo, Célio Faria Junior, e do chefe de sua assessoria especial, João Henrique Nascimento de Freitas, para a integrar Comissão de Ética Pública, que trata de conflitos de interesse no primeiro escalão de governo. A comissão tem ainda outros cinco nomeados por Bolsonaro, todos com mandato de três anos. Não são submetidos à apreciação do Congresso e só podem ser substituídos por renúncia.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva terá, pairando em torno do Planalto, uma entidade tripulada por
bolsonaristas com algumas prerrogativas. A principal: acesso a dados
confidenciais de patrimônio do primeiro escalão do governo. No gabinete de transição
de Lula já se analisavam mudanças na Comissão, absolutamente omissa no governo
Bolsonaro, em que proliferaram casos de conflito de interesse e uso suspeito
das prerrogativas dos cargos públicos. O colegiado que trabalha no assunto na
equipe de transição sugere que o novo presidente altere por decreto os mandatos
dos atuais conselheiros ou simplesmente extinga a comissão. Não será uma
decisão trivial.
As indicações de Bolsonaro em andamento na
área diplomática também são analisadas de perto. Por um acordo entre aliados de
Lula, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente da
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Esperidião Amin (PP-SC),
serão feitas as sabatinas dos indicados a postos de menor relevância
diplomática e política. Esperarão o governo Lula as nomeações mais críticas,
para as embaixadas de Buenos Aires, Paris, Roma e Vaticano. Mas Bolsonaro
conseguiu fazer ao menos que a conselheira Marcela Braga, assessora da
primeira-dama Michelle, fosse nomeada vice-cônsul do Brasil em Orlando, posto
criado pelo próprio Bolsonaro.
A questão é delicada, porque Lula precisará
de uma forte retaguarda diplomática, além da máquina do Itamaraty em Brasília,
para executar sua anunciada política de reinserção do país nos foros
multilaterais de decisão. Ele já lançou na COP27, no Egito, a candidatura do
Brasil para hospedar a COP de 2025 num estado amazônico e não se cansa de pedir
ajuda financeira e tecnológica aos países ricos para preservar a Amazônia. Sem
a diplomacia, nada conseguirá.
Bolsonaro também remeteu ao Senado nomes para sete diretorias e cinco ouvidorias de agências reguladoras, que não escaparam do aparelhamento bolsonarista. Caberia ao gabinete de transição pedir o adiamento das sabatinas dos indicados, para uma avaliação cuidadosa de cada nome. O silêncio de Bolsonaro neste fim de governo não deve enganar ninguém. Os despachos que saem dos Palácios da Alvorada e do Planalto para o Diário Oficial precisam ser acompanhados com atenção.
Novo governo deveria esquecer tentativa de
mudar lei trabalhista
O Globo
Minirreforma promovida em 2017 modernizou
legislação e contribuiu para geração de empregos formais
Mesmo que o presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva tenha dado sinais de que não pretende revogar completamente a
minirreforma trabalhista promovida em 2017, circulam na equipe de transição
ideias de promover mudanças pontuais. O novo governo faria bem em esquecer o
assunto. As mudanças modernizaram parte da legislação trabalhista, ajudaram a
gerar e a manter empregos formais.
As evidências de êxito são abundantes.
Pelos dados do Ministério do Trabalho, de 2018 até setembro passado foram
criados mais de 5,8 milhões de empregos formais no país, embora a informalidade
ainda seja alta, ao redor de 40%. O índice de desemprego medido pelo IBGE
recuou de quase 14% para os atuais 8,7%. Ignorar tais fatos em nome de uma
visão atrasada do mercado de trabalho pode pôr a perder todas essas conquistas.
Não significa que a legislação seja
perfeita. Um dos objetivos do PT é fazer ajustes nas regras para o contrato de
trabalho intermitente, comum em setores como entretenimento, indústria
alimentícia ou consultórios. O contingente de empregados intermitentes aumentou
de 72.275 em 2020 para 92.626 no ano passado. De janeiro a setembro, foram
abertos 59.158 postos do tipo, com garantia dos direitos trabalhistas e pelo
menos parte da contribuição previdenciária paga pelo contratante. O grupo
próximo a Lula quer limitar o trabalho intermitente a poucas atividades, como
turismo, shows e bufês. Comete-se um erro recorrente: prefere-se uma legislação
com direitos inaplicáveis, que vira uma usina de informalidade.
Os principais defensores da revisão das
regras trabalhistas são as centrais sindicais, que ainda buscam uma forma de
financiar suas atividades depois que perderam o dinheiro fácil do imposto
sindical. Ao tornar a contribuição facultativa, a reforma criou um estímulo
para as entidades prestarem bons serviços às categorias. A garantia do desconto
compulsório na folha de salários incentivava uma indústria de sindicatos
irrelevantes, a serviço apenas de seus diretores. Não se pode voltar a esse
passado. Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical e União Geral
dos Trabalhadores (UGT) se dizem contrárias à volta do imposto, mesma posição
defendida por Lula no final dos anos 1970, quando surgiu no sindicalismo.
O trabalho na transição de governo ainda é incipiente. É natural, nesse ambiente, que vicejem demandas de todo grupo de interesse que possa se sentir prejudicado. A equipe da transição precisa saber escolher. Deveria se dedicar a problemas mais urgentes. Não faltam questões políticas mais importantes, do meio ambiente à educação, da segurança à saúde. O novo governo deveria receber propostas para consertar o que está errado, não o que deu certo. Neste momento deveria ignorar qualquer sugestão de mudança na lei trabalhista.
Sinais de Tarcísio
Folha de S. Paulo
Kassab em posto-chave no governo de SP é
contraponto oportuno ao bolsonarismo
Vencedor do segundo turno em São Paulo após
uma arrancada impressionante na primeira rodada da eleição, encerrando a
hegemonia tucana de quase três décadas, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
suscita dúvidas cruciais quanto à orientação de seu governo.
Foi um dos poucos ministros do governo Jair
Bolsonaro (PL) associado mais à capacidade gerencial do que à agitação golpista
do populismo esposado pelo chefe.
Titular da Infraestrutura, manteve o núcleo
programático da pasta, que vinha já do governo Michel Temer (MDB) —ao qual
servira, assim como ao de Dilma Rousseff (PT). Numa gestão federal com pendor à
destruição, não foi pouco.
Inventado candidato por Bolsonaro, que viu
nessa faceta mais moderada o perfil para atrair o conservadorismo paulista a
seu projeto de reeleição, Tarcísio buscou mostrar-se ao mesmo tempo
independente e grato ao presidente.
Em decisão reveladora, deixou a montagem de
sua estrutura de apoio, em um estado ao qual chegou como neófito, para um
profissional do ramo, Gilberto Kassab.
O presidente do PSD, bússola política do
país para uns, mestre da dissimulação para outros, abraçou Tarcísio após ficar
sem candidaturas nacional e estadual viáveis em seu próprio partido.
Conseguiu o feito de ver eleitos os nomes
que preferia para o Planalto e para o Bandeirantes, estando os dois em campos
opostos —e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve apenas apoio tácito, nunca
aberto.
Com uma votação no segundo turno idêntica à
de Bolsonaro no estado, contudo, Tarcísio não tem como negar seu DNA eleitoral.
Mas sinaliza, na transição de governo e escolha de nomes para seu secretariado,
que não pretende fazer mais do que pagar pedágios à origem.
Há alguns
bolsonaristas fervorosos em sua equipe de transição; e certamente
haverá no secretariado. Entretanto o comando do processo foi entregue a um
aliado de Kassab, Guilherme Afif Domingos (PSD), com atração de conservadores
mais moderados.
Mais importante, Kassab agora
está indicado para conduzir a vital Secretaria de Governo, que dá a
seu titular amplos poderes de articulação política, inclusive em Brasília.
O pessedista quase teve esse papel no
governo de João Doria (PSDB), mas foi abatido por uma investigação acerca de
financiamento ilegal de campanha. O processo se arrasta até hoje, mas por ora
Kassab parece estar a caminho de se livrar das acusações.
Tarcísio tem a chance de fazer um bom governo. O estado se encontra com as contas em ordem, e uma base partidária está ao alcance do governo. É preciso pôr a gestão —e os meios para viabilizá-la— acima de fantasmas ideológicos.
Farsa punida
Folha de S. Paulo
Moraes acerta ao apontar má-fé em ação do
PL, mas valor da multa é exagerado
Em uma farsa descarada, o Partido Liberal
(PL), que hoje abriga Jair Bolsonaro, apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral
uma ação que, formalmente, pretendia invalidar votos de parte das urnas no
segundo turno das eleições.
O movimento, desprovido de qualquer
fundamento jurídico, tem o objetivo único de açular o punhado de fanáticos que,
inconformados com a derrota de Bolsonaro na disputa pela reeleição, têm
organizado manifestações antidemocráticas em rodovias e em frente a quarteis
militares —só estes, aliás, poderiam ser enganados pela manobra ridícula.
Instado pelo presidente do TSE, ministro
Alexandre de Moraes, a também anexar à petição dados referentes ao primeiro
turno, o PL negou-se a fazê-lo, escancarando que tudo não passa de encenação.
Moraes, em seguida, condenou o
partido e seus coligados na campanha de Bolsonaro ao pagamento de multa no
valor de R$ 22,9 milhões, com determinação de bloqueio de fundos
partidários das agremiações até o cumprimento da punição imposta.
No entendimento do ministro, tratou-se de litigância de má-fé com o intuito de
tumultuar o regime democrático brasileiro.
Esta Folha tem reconhecido e
elogiado a capacidade institucional da democracia brasileira em resistir às
investidas autoritárias de Bolsonaro e seus apoiadores.
Tampouco se furtou a apontar o que
considerou excessos cometidos por Moraes, pelo TSE e pelo Supremo Tribunal
Federal na tarefa de regular a disputa eleitoral, que geram precedentes
perigosos.
Desta vez, não cabe nenhuma dúvida quanto
ao acerto do ministro ao apontar a má-fé do partido de Bolsonaro —que, convém
recordar, elegeu 99 deputados em outubro e terá a maior bancada da Câmara a
partir do próximo ano, sem questionar esses resultados das urnas.
O valor hiperbólico da multa decerto é
questionável. Trata-se de cifra
correspondente a 46% do todo o montante recebido neste ano pelo PL do fundo
orçamentário destinado ao custeio das legendas, considerando os
dez primeiros meses.
Deve-se considerar que o TSE teve e tem diante de si circunstâncias anômalas —um presidente com ímpeto golpista e aliados dispostos a atacar o processo eleitoral. Sempre cabe ponderar, no entanto, se reações exacerbadas não são capazes de prejudicar a credibilidade das instituições que souberam defender a democracia brasileira.
Uma ode à contabilidade criativa
O Estado de S. Paulo
Sem espaço para garantir a execução das
emendas de relator, Centrão aproveita o vácuo de poder entre o governo
Bolsonaro e o de Lula para mostrar quem dá as cartas no Orçamento
Os derradeiros meses de um governo costumam
ser pautados por um clima de fim de feira no Congresso. No vácuo de poder
gerado por um presidente que já não tem mais muita autoridade e outro que ainda
não assumiu formalmente o cargo, propostas sem qualquer respaldo técnico
florescem e são aprovadas sem resistência. Neste ano, no entanto, os
parlamentares estão se superando. Basta ver o projeto aprovado pela Comissão
Mista de Orçamento (CMO) nesta semana, uma verdadeira ode à contabilidade
criativa com vistas a garantir o onipotente e onipresente orçamento secreto.
Moeda de troca na construção de uma base de
apoio parlamentar ao Executivo, as emendas de relator tiveram sua execução
bloqueada para assegurar o cumprimento do que ainda restou do teto de gastos.
Há um total de R$ 7,7 bilhões em emendas à espera de liberação, mas não há
espaço no Orçamento deste ano para descontingenciá-las, a despeito de todas as
exceções criadas pelo governo Jair Bolsonaro para desviar dos limites do teto.
O problema não diz respeito somente às emendas parlamentares: toda a máquina
pública está à beira da paralisação. Não há folga para garantir o abastecimento
de água potável por meio de caminhões-pipa no semiárido nordestino, para manter
as viaturas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e nem mesmo para retomar a
emissão de passaportes pela Polícia Federal (PF).
Momentos como este, em que as carências do
setor público são expostas a todos, permitem uma compreensão das muitas
idiossincrasias que marcam a elaboração e a execução do Orçamento, os
interesses do Executivo e do Legislativo e a própria dinâmica da relação entre
os Poderes. Parece óbvio, diante das restrições de recursos, que alguns
programas devem ter prioridade sobre outros – eis a ingênua intenção dos
formuladores do teto de gastos ao fixar o dispositivo na Constituição.
A solução adotada pela Comissão Mista de
Orçamento, porém, foi aprovar artifícios que permitam ignorar a realidade dos
fatos, distorcendo conceitos consagrados da contabilidade pública para pedalar
despesas para o ano seguinte. Para isso, o deputado AJ Albuquerque (PP-CE)
aproveitou a oportunidade única dada pela posição de relator de um Projeto de
Lei do Congresso Nacional (PLN) para ampliar seu alcance. Originalmente, o PLN
limitava-se a estender o prazo para envio de propostas de abertura de créditos
adicionais no Orçamento.
Garantir a execução integral das emendas de
relator demandaria cancelar o aumento de gastos com a redução da fila de espera
da Previdência Social e com o apoio ao setor cultural estabelecido pela Lei
Paulo Gustavo. Sem poder para tal, haja vista o caráter obrigatório dessas
despesas, a proposta aprovada pela CMO simplesmente trata o teto como algo
opcional, driblando o dispositivo na fase da inclusão do dispêndio no Orçamento
e levando o mecanismo em conta somente no efetivo pagamento, previsto para
2023.
O PLN usado como veículo para abarcar tal
proposta obviamente não tratava disso – e nem poderia. Afinal, qualquer
alteração no teto teria que ser realizada por meio de uma nova emenda
constitucional. Mas esse esforço criativo não se dá por acaso. Esta é a última
chance para iniciar a execução das emendas de relator hoje bloqueadas, dando
sobrevida a elas na forma de restos a pagar. No começo de 2023, haverá também
um novo Orçamento, e as emendas não executadas neste ano terão simplesmente
expirado.
O projeto amplia a herança maldita que
Bolsonaro deixará para Lula da Silva, comprometendo recursos que estão sendo
disputados a tapa nos ajustes do Orçamento de 2023. Flagrantemente
inconstitucional, pode até não ser aprovado em plenário, mas tudo indica que
seus termos serão incorporados ao relatório final da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) da Transição. Seria o preço cobrado pelo Congresso para dar
aval à licença para gastar solicitada pelo gabinete do governo eleito, de quase
R$ 200 bilhões. No vácuo do poder entre Bolsonaro e Lula, o Centrão, mais uma
vez, mostra quem continua a dar as cartas.l
Radiografia de um governo inepto
O Estado de S. Paulo.
Relatório do TCU sobre omissões do governo
federal na pandemia e sobre o estado lastimável do SUS reforça a certeza de que
a saúde foi negligenciada por Bolsonaro
Desde o início da pandemia de covid-19, o
Tribunal de Contas da União (TCU) tem elaborado relatórios periódicos por meio
dos quais escrutina as ações do governo federal, notadamente do Ministério da
Saúde, para enfrentamento da crise sanitária. A mais recente versão do
documento, à qual o Estadão teve acesso, provoca calafrios por dar a dimensão
dos danos provocados por Jair Bolsonaro na área da saúde e, consequentemente,
por evidenciar o risco que o País correu de passar mais quatro anos sendo
governado por um dos presidentes mais incapazes em toda a história republicana.
Tamanho foi o descaso de Bolsonaro com a
saúde e o bem-estar da população que o TCU informou nessa nova versão do seu
relatório de acompanhamento – recentemente encaminhado à equipe do presidente
eleito Lula da Silva – que nem sequer teve condições de avaliar o cumprimento
de metas de vacinação contra várias doenças, algo elementar para um Ministério
da Saúde minimamente bem administrado. Os técnicos do TCU foram elegantes ao
falar em “precariedade de dados” sobre vacinação disponíveis na pasta. Na
realidade, a gestão de um dos Ministérios mais importantes da Esplanada é uma
verdadeira bagunça, em que pesem os valorosos esforços de muitos de seus
servidores.
Ao longo dos últimos quatro anos, órgãos
cruciais da administração pública federal foram transformados em comitês de
campanha por Bolsonaro, deixando de ser formuladores e gestores de políticas
públicas orientadas pelo bem comum para servir como estruturas de representação
dos interesses particulares do presidente da República. Essa captura foi
particularmente nociva no Ministério da Saúde. A resposta do governo federal à
covid-19 foi o descalabro a que o País assistiu e, em alguma medida, custou a
reeleição de Bolsonaro. Mas a razia bolsonarista na área da saúde vai muito
além da pandemia. Ela abarca a crise de desconfiança nas vacinas em geral e o
risco de colapso iminente do Sistema Único de Saúde (SUS), como aponta o TCU.
Ao longo de décadas, o Brasil construiu uma
reputação de boas práticas em políticas de imunização coletiva, o que levou a
Organização Mundial da Saúde (OMS) a classificar o País como referência
internacional em campanhas de vacinação em massa. Todo esse patrimônio
imaterial – também chamado de soft power – tem sido dilapidado por Bolsonaro,
ele mesmo uma das vozes mais estridentes contra as vacinas. A bem da verdade, o
atual presidente não deu causa ao movimento antivacina, mas não há dúvida de
que suas falas e ações irresponsáveis agravaram muitíssimo o problema. A taxa
de vacinação infantil contra múltiplas doenças no Brasil, que há alguns anos
superava o patamar de 90%, hoje é de apenas 71,49%, de acordo com o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef). Doenças que haviam sido erradicadas,
como sarampo e poliomielite, voltaram a afligir famílias brasileiras que,
diante das suspeitas infundadas disseminadas por ninguém menos que o presidente
da República, passaram a ter receio de vacinar suas crianças.
O relatório do TCU ainda oferece um
diagnóstico geral do SUS para o futuro governo. Os técnicos da Corte de Contas
alertam para os “indícios de insustentabilidade” do sistema e propõem um
“profundo debate” a respeito do seu modelo de financiamento. Esse debate está
muito atrasado. As deficiências do SUS são sobejamente conhecidas e requerem
ação imediata não só do próximo governo federal, como também do Congresso.
Mudanças no perfil demográfico da população, aumento da complexidade dos
atendimentos, defasagem da tabela do SUS, crise econômica e inflação alta há
muito vêm impondo uma completa revisão do atual modelo de gestão do SUS, nas
três esferas administrativas.
Todo governo novo, no entanto, traz consigo
uma lufada de novas possibilidades. Se, por um lado, o relatório do TCU se
descortina como uma radiografia da inépcia do governo que se encerra, por
outro, revela uma oportunidade de correção de rumos para o próximo governo. Que
Lula e seus auxiliares tenham a decência de lidar com a saúde pública, da qual
dependem 7 em cada 10 brasileiros, com mais responsabilidade e espírito
público.
Um comentário:
O presidente mais canalha de todos os tempos e sem qualquer ética nomeia cúmplices para a Comissão de Ética Pública! Imaginem o nível dos bolsonaristas indicados para esta comissão... Uma comissão que deixou Bolsonaro fazer as MAIORES ATROCIDADES das últimas décadas, sem qualquer ação de seus membros! Lula tem que acabar com esta CORJA de bolsonaristas submissos ao Minto, pois eles não têm qualquer moral para continuarem membros desta comissão! NADA FIZERAM QUANDO DEVERIAM TER TIDO CORAGEM DE ENFRENTAR AS ATROCIDADES cometidas por Bolsonaro, que evidentemente eram contra a Ética Pública!
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