Ao entardecer, debruçado pela janela, E sabendo de soslaio que há campos em frente, Leio até me arderem os olhos O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um
camponês E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando E anda a reparar nas flores que há pelos campos ... Por isso ele tinha aquela grande tristeza Que ele nunca disse bem que tinha, Mas andava na cidade como quem anda no
campo E triste como esmagar flores em livros E pôr plantas em jarros... |
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
quinta-feira, 3 de março de 2022
Poesia | Fernando Pessoa: Ao entardecer
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