O Estado de S. Paulo
Rola uma certa melhora no “astral”, como se
diz por aí, por conta de certos desempenhos da economia acima dos esperados.
Não é nada definitivo, mas são dados que indicam aumento da dosagem da
confiança e reforçam apostas de que os juros não demorarão a cair.
A inflação (evolução do IPCA) de março foi de 0,71%, inferior à que vinha sendo esperada, e apontou para uma difusão também mais baixa: apenas 59,95% dos itens que compõem a cesta de consumo do brasileiro apontaram para alta de preços, ante os 65,25% de fevereiro.
A cotação do dólar fechou em R$ 4,94 nesta
quarta-feira, menor valor desde junho de 2022, movimento que, se persistente,
tende a baratear os produtos importados e exercer certo impacto moderador sobre
a alta do custo de vida – apesar do avanço dos preços do petróleo e dos
combustíveis. A alta expressiva da Bolsa de Valores, de 4,91% nestes primeiros
seis dias úteis de abril, é outra indicação de melhora das expectativas.
O desempenho do varejo também foi positivo,
embora as estatísticas correspondam apenas ao já distante janeiro: crescimento
de 3,8% sobre dezembro de 2022, o mês costumeiramente mais forte do movimento
do comércio.
E não é só aqui no Brasil. Nesta
quarta-feira, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos mostrou uma
elevação do custo de vida de apenas 0,1% em março, um degrau abaixo do
esperado. No dia anterior, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet
Yellen, também apontou para uma evolução global “razoavelmente otimista” e para
uma inflação sob controle na economia global. Na outra ponta preocupante,
também vai refluindo a crise bancária nos Estados Unidos e na Europa, que
abalou os mercados em março.
Ou seja, algumas das fortes incertezas
apontadas pelo Banco Central do Brasil para justificar a manutenção dos juros
altos começam a se dissipar.
Isso não significa ainda que a queda dos
juros já esteja no radar do Copom. Seu presidente, Roberto Campos Neto, já
tomou a iniciativa de alertar que são apenas alguns números favoráveis que
ainda não configuram tendência firme e que, por isso, não garantem afrouxamento
próximo da política de juros.
O que se pode dizer é que, a despeito da
gritaria dos setores mais radicais do governo Lula e também de empresários, a
política de juros começa a mostrar resultados.
Mas o prontuário geral do paciente segue
precário. A atividade econômica geral continua fraca; o crédito asfixiado; a
política econômica propriamente dita, emperrada; e, atenção, o tal arcabouço
fiscal ainda não foi testado.
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