O Globo
Eleitor de Bolsonaro em 2022, novo ministro
exalta Lula, reclama de trocadilhos com apelido e festeja entrada na
"primeira divisão da política"
Aos 34 anos, André Fufuca chegou lá. Virou
ministro de Estado, num arranjo para acomodar o Centrão no governo. Ao assumir
o novo cargo, o maranhense se disse promovido à “primeira divisão da política”.
E reclamou dos céticos que ainda duvidam de seu potencial. “Não me digam que eu
não conheço o setor de esporte e por isso não serei um bom ministro. Aquilo que
não conheço, vou aprender”, prometeu.
Filho do prefeito Fufuca Dantas, de quem herdou votos e apelido, o novo ministro se disse vítima de preconceito. “Muitos têm feito trocadilhos e piadas com meu nome”, lamuriou-se. “Tenho orgulho de ser o André Fufuca, aquele jovem que saiu do castigado Nordeste em busca de meios para ajudar o povo”, prosseguiu. Era só o começo de uma longa série de autoelogios.
“Dentre muitos caminhos que poderia seguir,
já que me formei médico, escolhi estar na política para engrandecer nosso
injustiçado Maranhão”, congratulou-se o ministro. Ele exaltou o próprio
currículo, com algumas omissões estratégicas. Disse que já foi o deputado mais
jovem do país, mas deixou de contar que só concorreu porque o pai seria barrado
pela Lei da Ficha Limpa. Lembrou ter ocupado a segunda vice-presidência da
Câmara, mas não disse que deveu a honra ao proscrito Eduardo Cunha.
Com o padrinho atual, Fufuca foi mais
generoso. Chamou Arthur Lira de “meu amigo”, “minha referência” e “mestre do
Parlamento”. Ele também se derreteu ao falar de Lula, a quem definiu como
“gigante da História” e “nosso líder maior”. “Que ele preserve um pedaço grande
do coração dele para o Fufuca”, pediu, falando de si mesmo na terceira pessoa.
A devoção pelo petista é recente. Em 2022, o novo ministro subiu no palanque de
Jair Bolsonaro.
Apesar da idade, o jovem Fufuca se expressa
como um político de antigamente. No discurso de posse, disse “ter o Parlamento
como berço”, referiu-se ao Maranhão como “terra amada” e exaltou a pequena
cidade controlada pelo pai, Alto Alegre do Pindaré. “Maior que ela, só Deus”,
derramou-se.
Demitida por Lula sem uma mísera nota de
agradecimento, Ana Moser faltou à cerimônia. Fufuca não se fez de rogado: disse
ser “fã antes de tudo” da antecessora. O novo ministro prometeu uma gestão de
continuidade, mas não soube detalhar planos ou desafios da pasta. “Meu
compromisso é com todos os programas, em todas as áreas”, embromou.
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