Folha de S. Paulo
Governador levou longa lista a Brasília para
conter prejuízo político, enquanto presidente puxou o freio dos tanques
O governador do Rio levou uma lista de
pedidos a Brasília. Para Cláudio
Castro, o Congresso deveria endurecer
a prisão de criminosos que usam armas de guerra, a Marinha deveria reforçar
a presença na baía de Guanabara, a Aeronáutica deveria fiscalizar aeroportos, e
a Polícia Rodoviária
Federal deveria patrulhar estradas que cortam o estado.
Há medidas que fazem sentido para enfrentar o crime enraizado no Rio. Algumas têm baixa viabilidade e outras são velhos delírios reempacotados. Nenhuma vai resolver a crise da segurança no estado de uma hora para outra. Mas Castro conseguiu levar o problema para andar de avião e pediu socorro ao governo federal sem apresentar uma rendição.
De saída, o governador quis descartar a ideia
de usar as Forças
Armadas na segurança urbana. Disse que não há nada errado com as
polícias do estado (que, segundo ele, andavam sucateadas num
nada distante 2017) e argumentou que a ação do governo federal era
necessária para que "o trabalho do Rio surta efeito".
Castro fez de tudo para evitar que o pedido
de socorro fosse interpretado como uma admissão de falência. Já a turma do
Planalto acredita que, desta vez, meter a colher no caos fluminense será
inevitável, mas trabalha para impor limites ao mergulho num lamaçal do qual
nenhum governo é capaz de sair limpo.
Lula também
puxou o freio dos tanques, por motivos diferentes. Numa reunião na última terça
(24), ele disse ao ministro da Defesa e aos comandantes militares que deixaria
o Exército longe das ruas para evitar mortes debitadas na conta de seu governo.
Três dias depois, afirmou que não
queria as Forças Armadas "na favela brigando com bandido".
A decisão do presidente tem respaldo em
tragédias como a que foi provocada por militares que deram 257 tiros na
abordagem de um carro e mataram duas pessoas no Rio, em 2019, mas também ecoa
traumas mais recentes. Ao vetar operações de Garantia da Lei e da Ordem, Lula
limita o poder dos quartéis e reduz o contato com policiais militares.
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