O Globo
Inviável é o governo Cláudio Castro, falido,
incompetente, opaco, fraco, cada vez mais nas mãos dos donos da Alerj,
desautorizado a escolher o secretário de Polícia Civil e ainda com três anos
para (nos) sangrar.
É frequente a pergunta sobre o destino dos
bilhões de reais que o Rio de Janeiro recebeu pela concessão da Cedae. Não sei
a resposta. Sei que o dinheiro acabou. (Garantidos ao governador sete camarotes
no Maracanã, regados pelo concessionário, mais 200 ingressos de arquibancada
por jogo.) Sei também que o segundo semestre do ano passado — eleitoral — foi
rico em obras estado adentro.
Informa-nos de que o dinheiro acabou o próprio Cláudio Castro, viajante a Brasília para pedir arrego ao ministro da Fazenda. Em 3 de outubro último, carpindo por nova renegociação nos termos do regime de recuperação fiscal, dramatizou: “Se não avançarmos nisso, é quebradeira de novo dos estados, que já estão em situação difícil”. Prantearia ainda mais miséria:
— Nosso problema vai causar fome no estado,
vai causar atraso de salário, e isso é algo que não podemos deixar acontecer de
forma alguma.
Um ano depois da eleição e — “o nosso
problema” — já explícito o estelionato eleitoral. Projetando o caos o mesmo
que, pouco mais de ano antes, jactava-se do equilíbrio nas contas do Rio. Era
1º de julho de 2022, e ele fazia — em entrevista ao CBN Rio, programa que
apresentei até a semana passada — considerações sobre a redução da alíquota do
ICMS:
— Acredito que o trabalho que a gente fez ao
longo dos últimos 22 meses proporcionou hoje que a gente pudesse fazer essa
redução. É uma redução dura. Que impacta os estados. Mas nós já começamos este
ano com previsão de superávit de R$ 3 bilhões e temos ainda melhorado na
questão de cobrança de tributos e de melhora da máquina pública. Isso tudo vai
fazer com que a gente possa fazer essa redução sem impacto.
A situação estava ótima até pelo menos agosto
deste 2023; e o governador batia o bumbo. Deu no GLOBO: “Agência de
classificação de risco eleva nota do Rio de Janeiro”. Subtítulo: “Castro
atribui melhora à gestão das finanças públicas feita pelo governo”.
— Hoje estamos conseguindo pagar as parcelas
da dívida com a União sem comprometer a prestação dos serviços públicos e o
pagamento dos salários dos servidores, gerando benefícios para todos.
E então, de agosto a outubro, a fome de
repente à espreita, em risco os salários do funcionalismo, não havendo os R$ 8
bilhões para pagar dívida conforme acordado. Nenhum meteoro caíra. Caiu a
mentira.
— O nosso problema vai causar fome no estado,
vai causar atraso de salário, e isso é algo que não podemos deixar acontecer de
forma alguma.
Deixaram.
O “nosso problema” é ser governado
irresponsavelmente. A falência do Rio — condenado, de castro em castro, a esse
estado de sérgio cabral permanente — estava denunciada, óbvia, desde abril de
2023. Naquele mês, o governo decidira encerrar subitamente o Supera RJ,
programa de assistência — R$ 280 por mês a famílias pobres — que, como parte da
máquina de propaganda pela reeleição, Castro renovara até dezembro.
Reeleito, findo o dinheiro, mandou fechar o
Supera, traindo milhares de cidadãos que acreditaram na conversa fiada —
obrigado o estado a pagar o benefício até agosto, o que faria com atraso (a
parcela final cumprida somente em outubro), graças à pressão da imprensa e a
gestões de bons parlamentares na Alerj.
Em julho de 2022, em campanha, Castro fez
mais que bravatear tranquilidade sobre a boa forma do estado para encaixar a
pancada da queda de arrecadação decorrente da Lei Complementar 194. Surfou a
onda do bem-estar derivado da percepção de que o valor da gasolina caía. Foi
com tudo no modo bolsonaro. Criticou a margem de lucro da Petrobras; bradou que
aumentaria a tributação sobre a companhia caso ela continuasse a reajustar os
preços dos combustíveis vendidos às distribuidoras e ameaçou donos de postos com
multas se não derrubassem os valores nas bombas.
Pouco mais de ano depois, o discurso mudaria
— e ora é como se não tivesse lavado a égua eleitoreira naquela farra:
— A condição de pagamentos dos estados foi
alterada por uma situação fora do nosso controle, que foi uma lei federal
aprovada, e não há a menor condição de a gente pagar os valores corrigidos para
o ano que vem.
Reeleito, não haverá — segundo o Cláudio
Castro de outubro, uma situação “inviável” — grana para honrar compromisso de
2024. Em agosto, havia — repita-se:
— Hoje estamos conseguindo pagar as parcelas
da dívida com a União sem comprometer a prestação dos serviços públicos e o
pagamento dos salários dos servidores, gerando benefícios para todos.
Inviável, em qualquer tempo, é o governo
Cláudio Castro, falido, incompetente, opaco, fraco, cada vez mais nas mãos dos
donos da Alerj, desautorizado a escolher o secretário de Polícia Civil e ainda
com três anos para (nos) sangrar. Esse é “o nosso problema”. Nunca tão
importante o jornalismo local — que não será calado.
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