O Estado de S. Paulo
O ano termina com resultados melhores do que os projetados no fim de 2022
O desempenho da economia brasileira no
primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula será muito melhor do que
indicava o consenso das projeções na última pesquisa Focus de 2022 que o Banco
Central fez com analistas do mercado financeiro. Para além das variáveis
macroeconômicas, o governo também surpreendeu com a aprovação de medidas
importantes, pelo Congresso, incluindo uma histórica reforma tributária.
É um resultado excepcional, considerando que,
ao longo deste ano, o cenário internacional foi muito adverso: a guerra entre
Israel e Hamas; o aperto da política monetária nos Estados Unidos, com a
disparada dos juros americanos de longo prazo; e a desaceleração da economia
chinesa. Sem falar em eventos climáticos extremos que acabaram afetando também
o Brasil.
Mas o ano de 2023 caminha para terminar com um crescimento três vezes maior do PIB brasileiro do que apontava o consenso das projeções da última pesquisa Focus no ano passado. E mais: os analistas esperavam que este ano terminasse com uma inflação mais alta, uma taxa Selic mais elevada e um dólar mais forte.
No último boletim Focus de 2022, esses
analistas estimavam uma alta de apenas 0,80% do PIB para 2023, enquanto que a
mais recente previsão é de uma expansão de 2,92%. A expectativa de inflação
para este ano era de 5,31%. Já a última projeção é de um IPCA de 4,49% em 2023,
portanto abaixo do teto da meta de inflação, após dois anos consecutivos de
estouro desse limite. Para o dólar, a aposta era de que a cotação encerrasse
2023 a R$ 5,27, mas agora essa projeção é de R$ 4,97. A estimativa para os
juros básicos ao fim de 2023 era de 12,25%, mas o ano termina com a taxa em
11,75%.
É verdade que não é de hoje que analistas e
economistas erram suas previsões de variáveis macroeconômicas. Aliás, projetar
corretamente a cotação do dólar, por exemplo, é tão garantido quanto acertar os
números da Mega-Sena. Mas não dá para deixar de observar que, ao chegarmos tão
próximo do resultado final dos indicadores para 2023, o mercado se mostrou
pessimista em relação ao desempenho de Lula neste primeiro ano de mandato,
conforme as projeções do último boletim Focus de 2022, às vésperas de ele assumir
o governo. Foi um ano difícil e muita coisa podia ter dado errado.
Estaria o dólar abaixo de R$ 5,00 e teria o
Copom cortado os juros para 11,75% caso o governo não tivesse conseguido
aprovar um novo arcabouço fiscal, medidas para corrigir distorções na
arrecadação tributária ou ainda se tivesse elevado a meta de inflação, hoje em
3%?
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