Folha de S. Paulo
Presidente deveria falar menos de Bolsonaro e
buscar falar diretamente com evangélicos
A popularidade do governo caiu. O Datafolha
de sexta-feira mostrou que a aprovação de
Lula (35%) está mais ou menos empatada com sua rejeição (33%). Não é
um resultado ruim, mas piorou desde o ano passado.
Muita gente correu para colocar a culpa na
área de comunicação do governo, em especial no ministro Paulo Pimenta. Não há
dúvida de que há o que melhorar. Mas o trabalho da Secretaria de Comunicação é
apenas uma pequena parte da comunicação do governo.
É Lula quem faz a maior parte do trabalho. Quando ele fala, é o governo falando. É dele que cobramos explicações quando algo dá errado. Por isso, quem tem mais margem de manobra para melhorar a comunicação do governo é o próprio presidente.
Em primeiro lugar, Lula deveria falar menos
de Bolsonaro. Deixe o Jair para a polícia, Lula. Você foi eleito pelos pobres
porque Bolsonaro, em quatro anos, só lhes entregou brigas no Twitter e golpe de
Estado.
Você lhes prometeu um governo. É sobre isso
que você deve falar ao Brasil: sobre seu governo.
Afinal, você tem boas notícias para dar. Por
exemplo, no dia 9 de março, a Folha publicou os resultados de um
estudo de Marcos Hecksher, do Ipea. O estudo mostrou que os rendimentos
do trabalho subiram 11,7% em 2023, o maior aumento desde o Plano
Real. Na mesma matéria, o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas,
contou que a renda domiciliar per capita brasileira subiu 12,5% no ano passado.
São resultados excelentes, frutos do aumento
de gasto com pobre: o salário mínimo voltou a ter aumento real (o que não houve
na era Bolsonaro), o Bolsa Família foi turbinado.
Quando os brasileiros ouvem Lula falando na
TV ou nas redes, deveriam estar ouvindo-o falar mais de coisas como essa, e
menos do Jair.
Em segundo lugar, Lula tem que recalibrar
suas intervenções sobre política externa.
Conheço gente no PT que admite que Lula errou
ao comparar o
bombardeio de Gaza ao Holocausto. Lamentam, inclusive, que isso
tenha tirado o foco do posicionamento de seu governo sobre o conflito no
Oriente Médio, que é bom. A decisão de doar dinheiro para a agência que apoia
os refugiados palestinos, em especial, honrou muito a diplomacia brasileira.
Mas no fim das contas, se a discussão sobre o governo está em "o que foi o
Holocausto?", a oposição ganhou o round.
Finalmente, Lula deveria falar diretamente
com os evangélicos. O presidente tem resistido a fazer isso. Acha que, se
conseguir elevar o nível de vida dos pobres, automaticamente conquistará os
evangélicos, que são, em sua maioria, pobres.
Há muita verdade nisso, mas é preciso tomar
cuidado com o "automaticamente". Se os evangélicos continuarem
isolados na bolha de desinformação bolsonarista, o mesmo aumento de preço do
feijão pode disparar a rejeição a Lula mais rápido entre eles do que entre o
restante da população.
O debate público brasileiro é muito mais
hostil do que nos governos anteriores de Lula. A polarização impõe um teto aos
dois lados. Quando Lula tinha 70% de popularidade, era porque muita gente de
direita o apoiava. Depois do bolsonarismo, isso ficou muito mais difícil. O
cuidado para não desperdiçar popularidade tem que ser maior.
Lula não tem poder para calibrar a economia
mundial, o El Niño, nem tantos outros fatores que influenciam sua popularidade.
Mas Lula pode calibrar Lula.
Um comentário:
■É... esse moço, o Celso Rocha, ele é incorrigível!
■■Vou destacar apenas uma das medidas que Celso Rocha quer que seja um elogios a Lula::
=》Aumento real do valor do salário mínimo.
■■Celso Rocha quer encontrar alguma coisa boa para falar e se apega em um dado que a ele, Celso Rocha, aparentemente seja uma boa medida em favor de pobres.
■Celso Rocha não se importa em primeiro procurar saber se tecnicamente a medida é realmente boa ou se, na prática, ela machuca o suposto beneficiado.
=》Os "aumentos reais" do salário mínimo concedidos sem correspondência com o aumento de produtividade são muito danosos ao país e mais danosos ainda exatamente a quem supostamente o aumento do salário mínimovai beneficiar.
■■Conceder aumento de salário mínimo em desconformidade com o aumento de produtividade do pais só faz bem para à imagem do populista irresponsável que o concede. E, covardemente, ilude o pobre.
DESDE 2007 O BRASIL PAROU
■■É pela repetição desses erros técnicos que o Brasil PAROU a partir de 2007 (acumula um monte de erros técnicos desses na economia, que são erros que em um 1° momento elevam a renda de forma artificial -- ¹Concessão de crédito subsidiado sem aplicar critérios corretos e que só tem o objetivo de entornar dinheiro na rua para gerar aparência boa ; ²Aumento de salário mínimo fora da produtividade do trabalho para forçar a circulação de mais dinheiro ; ³Obrigar estatais a fazerem gastos que chamam de sociais, mas que ferram a indústria como um todo ; ⁴...-- =》...
...=》...e o Brasil parado desde 2007!
■Entre 2003 e 2006 Lula e o PT colheram o que foi feito antes por Fernando Henrique e ganharam a fama. Depois disso, estão enterrando o Brasil.
■Vou parar por aqui na avaliação deste artigo de Celso Rocha.
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