sábado, 19 de outubro de 2024

Carlos Andreazza – Confia

O Estado de S. Paulo

A blitz de Fernando Haddad está na pista. De Haddad e Simone Tebet. Blitz de propaganda. O pacote relevante de cortes de gastos vem aí – prometeram. Coisa de volume entre R$ 30 bilhões e 50 bilhões – plantou-se. Não será mais um pente-fino – informam. Uma só das ações pode chegar a R$ 20 bilhões. Uau!

Os ministros reagem à desconfiança. A reforma do Imposto de Renda – a isenção a quem ganha até R$ 5 mil – estava à frente. Vinha ainda em 2024. Para sacrifício de receita da ordem de mais de R$ 40 bilhões por ano. Sem anúncio crível de compensação para o rombo. O mar, que já não era bom, crispou-se.

Então, de repente, ficou para 2025. O pacote rigoroso de cortes de gastos, que não estava previsto semana atrás, tomou a frente. Virá ainda neste ano – comunicaram Haddad e Tebet.

Cortes de gastos estruturais. No (pelo) governo Lula. Prepara-se cardápio para ele. Que é simpático às medidas – apregoa-se. Lula, a favor de cortes severos, mesmo com a popularidade insegura e ante os resultados das eleições municipais.

Alguns banqueiros se reuniram com o presidente. Saíram confiantes. Lula tem “firme compromisso” com a necessidade de conter despesas. No mundo real das fés, o dólar mostra os dentes e o Tesouro capta dinheiros a custo crescente. A isso reagem Haddad e Tebet.

Vem aí o pacote relevante de cortes de gastos. Que ainda não existe. Donde ainda não apresentado a Lula. Que lhe é simpático – asseguram. Não o conhece e lhe é simpático. Por precaução, os ministérios, em atividade clandestina, estudam-medem a forma como mostrá-lo ao presidente.

Não basta ser extenso o menu – para ele cortar os cortes. A embalagem tem de ser palatável a Lula. Que é – propaga-se – a favor das medidas de cortes de despesas estruturais. A favor, exceção àquelas que mexam com gastos que considera investimentos.

Haddad e Tebet confiam – e querem confiança – em que sobrará alguma coisa. Sobrando, confiam em que a porção parlamentar do pacote, ao menos parte dela, seja aprovada em 24. Talvez a mais parecida com... pente-fino. O pesado ficando para depois.

Pacote – que ora inexiste e que, existindo, dependeria do aval de Lula – a ser votado neste resto de ano em que agenda do Congresso precisará cuidar de Lei Orçamentária e da reforma tributária, mantida ainda aberta a LDO, corpo em que se malocará o interesse maior do Lirão: a superfície de atividade para o orçamento secreto em 2025. Talvez haja negócio.

Talvez uma dessas casas de apostas pudesse abrir jogatina sobre o que não faltará no pacote: revisão dos supersalários da máquina federal. Tudo a ver com propaganda. Faria bastante espuma e rapidamente. Parco o impacto fiscal. Bacana a foto.

 

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