O Estado de S. Paulo
Falta pouco. Mais um detalhezinho. Mais um mais um detalhezinho. E então será. “Brevemente”, comunica Fernando Haddad, teremos o pacote de corte de gastos estruturais do governo Lula. Uma resposta ao aumento estrutural de gastos que o governo Lula acelerou. Estamos quase lá.
Evoluiu-se. Faltavam “dois detalhes” em 6 de
novembro, “coisas realmente muito singelas para decidir” – projetava Haddad.
Tinham se encerrado as conversas com os ministros, aquelas das quais saíam
disparando, e havia “consenso em torno de um princípio”.
Minha primeira anotação sobre o plano para
essa nova rodada de contenção de despesas é de 15 de outubro. Viria depois do
segundo turno das eleições municipais. Seria um “pacote relevante”. Simone
Tebet definira até a faixa dentro da qual transitaria o corte, entre R$ 30
bilhões e R$ 50 bilhões – em 2025.
Estava em curso uma blitz de propaganda para
acalmar os fazedores de preços. Anunciava-se o anúncio – com o que se esperava
segurar o dólar. Negativo.
No dia 17 de outubro, anotei a curiosidade de Lula ser simpático, assim se plantava, a um conjunto de medidas que – estava dito – desconhecia. Não poderia conhecer o que (ainda) inexistia.
Desde então: correria, improviso e bateção de
cabeças.
Num dia, os técnicos da Fazenda faziam os
últimos ajustes no cardápio. No outro, não havia prazo para mostrar o pacote.
“Estamos fazendo as contas para fazer algo ajustadinho” – disse Haddad em 29 de
outubro. No dia seguinte, convergiriam área econômica e Casa Civil. O pacote
seria anunciado na próxima semana. O ministro cancelara viagem. Ainda incerto
se Lula vira o bicho. O bicho viria antes do G-20.
“Está avançado” – declarou Haddad em 4 de
novembro, uma segunda-feira. Mais: “As coisas estão muito adiantadas do ponto
de vista técnico”. Isso foi de manhã. À tarde, Lula veria o bicho. Viu. E abriu
para geral.
A Fazenda soltaria nota: “O ministério
informa que o quadro fiscal do País foi apresentado e compreendido, assim como
as propostas em discussão. Nesta terça, outros ministérios serão chamados pela
Casa Civil para que também possam opinar e contribuir no âmbito das mesmas
informações”.
Seriam as últimas últimas reuniões. Faltavam
somente aqueles detalhes “singelos” – de 6 de novembro. E depois seria
conversar com os presidentes de Câmara e Senado. Negativo. Mais reuniões vieram
– e, no dia 11, Lula mandaria chamar o ministro da Defesa, “uma negociação que
deve ser concluída até quarta-feira”, 13 de novembro. Não foi.
Informou Haddad no domingo, dia 17, que o
bicho estava “fechado” com o presidente e que o pacote agora só dependeria da
porção (simbólica) relativa ao sacrifício militar. O último – talvez – detalhe.
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