Folha de S. Paulo
Com sensação temporária de segurança no
feriadão, cúpula internacional discute taxação dos super-ricos
O esquema em vigor no G20, com
policiais estaduais e federais e tropas das Forças Armadas, foi usado pela
primeira vez na Eco-92. Na época pareceu uma panaceia. Com blindados,
metralhadoras e lança-morteiros apontados para a Rocinha, o carioca jamais
havia desfrutado de maior sensação de segurança –expressão que virou
lugar-comum na imprensa e na boca de políticos.
Depois se verificou que os registros de violência caíram na zona sul e permaneceram altos no resto da cidade. No fundo era só uma sensação regional e com prazo de validade, a qual se repete agora. Se bobear, nem isso: dois carros a serviço da Presidência foram roubados, um na quinta (14), outro no sábado (16). Foi mais ou menos assim na Rio+20, em 2012; na Jornada Mundial da Juventude, em 2013; na Copa do Mundo, em 2014; nas Olimpíadas, em 2016.
Sem falar na intervenção de 2018, um blefe
do ex-presidente Temer, que se valeu da confiança da população no
Exército (que hoje despencou) para tentar salvar seu mandato, com incríveis 7%
de aprovação. Chefiada pelo general Braga Netto, a atuação dos militares queimou R$
1,2 bilhão, não resolveu o problema do crime organizado –milicianos mandaram
matar Marielle durante a intervenção– e acumulou denúncias de corrupção não
esclarecidas.
Escaldado pelo 8/1, Lula relutou
em assinar a Garantia da Lei e da Ordem válida no período de realização da
cúpula internacional. No Palácio do Planalto muita gente sente arrepios na
espinha ao ouvir falar na sigla GLO. Mas não houve jeito. Sob o governo Cláudio
Castro, a PM não consegue entrar em territórios dominados.
Além do documento final com menções ao fim da
fome e da desigualdade, à crise climática e ao aumento de impostos sobre os
super-ricos, o G20 será lembrado pelo feriadão de seis dias e o "fuck you" de Janja para
Musk. O setor de serviços —comércio de rua e shopping, bares e restaurantes,
hotéis– está funcionando direto para atender a milhares de visitantes
estrangeiros. Com ou sem violência, a turma da escala 6x1 não para de ralar.
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