A carga
tributária brasileira foi, segundo dados da Secretária Nacional do Tesouro, de
32,64%, 33,07% e 32,44% do PIB, em 2021, 2022 e 2023, respectivamente. O dado
referente à 2024 deverá vir à tona em abril. Certamente será superior à 33% do
PIB. Isto é muito ou pouco? Estamos na média dos países da OCDE. Há países como
França, Bélgica, Dinamarca, Itália, Suécia que têm cargas tributárias acima de
43% de seus PIBs. No entanto, há países como Chile, Coréia do Sul, Turquia,
Irlanda, Estados Unidos em que os tributos representam menos de 26% do PIB.
Entre os países emergentes somos campeões. A sociedade e o Congresso Nacional
já manifestaram, em diversas oportunidades, absoluta intolerância a qualquer
aumento da carga tributária. Vale dizer, de agora em diante no Brasil,
prefeitos, governadores e presidente da República terão que governar dentro
desses limites.
As formas dos
governos obterem suas receitas são principalmente a tributação da renda, do
patrimônio, do consumo, da folha de salários, do comércio internacional e
através das contribuições sociais e previdenciárias. Nos Estados Unidos, mais
de 60% da tributação recaí sobre a renda e o patrimônio. Apenas 27,8% sobre o
consumo. No Reino Unido, os tributos sobre a renda e patrimônio representam
47,9% da carga total. Impostos sobre o consumo, 32,9%. No Brasil, a equação é invertida. Em 2023, os
impostos sobre o consumo de bens e serviços representaram 39,08% da carga total
contra 30,70% dos sobre renda e patrimônio. Ou seja, a estrutura tributária
brasileira é regressiva. Ao tributar mais o consumo do que renda e patrimônio
impõem que os pobres paguem proporcionalmente mais do que os ricos.
A política fiscal tem que mirar três
objetivos: equilíbrio orçamentário, qualidade nos gastos e justiça tributária.
Nosso sistema tributário é injusto. Para corrigir parcialmente este quadro, o
governo federal mandou ao Congresso Nacional projeto mudando as regras da
tributação sobre a renda. A proposta é isentar aqueles contribuintes que ganham
até 5 mil reais mensais. Como a situação orçamentária é delicada e o governo
não pode perder arrecadação, haverá uma compensação com o aumento da tributação
sobre quem ganha a partir de 50 mil reais por mês. A medida é justa, merece
apoio e foi promessa de campanha do presidente da República.
Dúvidas começam
a surgir: o Congresso aprovará as compensações? Haverá ações judiciais alegando
bitributação? Haverá fuga de poupança dos mais ricos já que estes têm uma
mobilidade que os assalariados não têm? Haverá elisão fiscal a partir de
estratégias de planejamento tributário?
Quem viver,
verá!
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