O Estado de S. Paulo
A aprovação – em março de 2025 – da Lei
Orçamentária Anual para 2025 antecipa o conjunto bandalheiro em que consistirá
o Orçamento do ano eleitoral, aquele que garantirá os dinheiros à (tentativa
de) reeleição de todos. Não será apenas Lula o candidato. Há um esquema de
poder a ser prorrogado. O Congresso – o orçamento secreto – também pretende se
reeleger.
Farão o diabo. Juntos. Como o feito, com (por) Bolsonaro, em 2022. Você pagará. Depois da eleição. Não existe Gás para Todos de graça. E, se o governo quer dobrar a aposta eleitoreira na gastança, o Parlamento dirá – diz – “tudo bem”; desde que tenha o seu incluído na farra. Para rir, tem de fazer rir.
A embocadura do troço – do pacto pela
irresponsabilidade – foi exibida na última quinta. A começar pela forma.
Esquema Lira de atropelamento da atividade legislativa. Ninguém leu o texto.
São mais de mil páginas. Relatório apresentado no mesmo dia em que seria votado
na comissão e no plenário.
O Parlamento aprovou o bicho sem a menor
ideia do que chancelava – o que lhe confirma o caráter ficcional. Quase
ficcional; porque o Congresso sabia absolutamente o que aprovava – na matéria
que lhe interessava. A ficção é para você, mortal. Para eles, concretude –
trator e pavimentação. O que lhes interessava: a garantia dos bilhões para
emendas parlamentares, fixada a porção que, via emendas de comissão, bancará a
versão 3.0 do orçamento secreto.
Serão R$ 50 bilhões para emendas
parlamentares, dos quais R$ 11,5 bilhões às de comissão. Assegurado esse
espaço, o restante consistiria em erguer peça orçamentária farsante – que,
conforme as práticas do governo gastador-inflacionário, superestima receitas e
subestima despesas. O Pé-de
Meia, por exemplo, vai pendurado quase todo
para fora: a custar mais de R$ 10 bilhões, tem previsto só R$ 1 bilhão.
O relator, Ângelo Coronel, cumprindo o papel
de ser mais otimista até do que a HP de Haddad, estima superávit de R$ 15
bilhões. O cronista ora obrigado a registrar que o STF autorizou que o
pagamento de precatórios não forme sob o teto de gastos. Contará para o
endividamento. Para meta fiscal, somente em 2027 – depois do ano eleitoral.
Coincidência; porque o Supremo não faz esse tipo de cálculo.
A turma – Planalto e donos do Congresso –
acertou tudo por cima. Gleisi Hoffmann assinou a promissória. Compromisso de
pagamento de emendas de comissão ainda de 2024; mais um extra para cada um dos
594 deputados e senadores. Quase R$ 7 bilhões ao todo.
Não lhes faltarão recursos. Tudo assentado
para 26. Davi Alcolumbre estava todo pimpão. Teve efeito haver colocado a faca
no pescoço do governo – atrasando a existência do Orçamento – pela solução das
emendas parlamentares. Afinaram-se. O ano começou. Em certo sentido, também
acabou.
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