Brasil precisa reagir com
sobriedade diante de tarifaço
O Globo
Motivada por Bolsonaro e big
techs, ação de Trump é injustificável, mas busca de solução exige serenidade
A confirmação nesta
quarta-feira das ameaças feitas por Donald
Trump contra a economia e o Judiciário do Brasil causa profunda
perplexidade. Como parece hoje ser a marca do governo americano, houve dois
movimentos em sentidos opostos: reduziu o alvo da tarifa adicional de 40%,
isentando dela centenas de produtos, e radicalizou a perseguição ao ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre
de Moraes, enquadrando-o na Lei Magnitsky, que o expõe a sanções
financeiras. Nas justificativas, dois comunicados, um da Casa Branca e outro do
secretário de Estado, Marco Rubio, fazem menção ao julgamento de Jair Bolsonaro
e aos interesses das big techs.
Por certo, 30 de julho de 2025 terá destaque funesto na história das relações entre as duas nações amigas. Empreendedores e trabalhadores de empresas com vendas de produtos nos Estados Unidos serão as grandes vítimas. O tamanho do aumento das tarifas, mesmo com as isenções, é um dos maiores aplicados a uma democracia amiga até o momento e pode inviabilizar exportações em uma série de setores. Com isso, é provável que provoque queda de receita e demissões. Fatias do mercado americano arduamente conquistadas durante anos desaparecerão de uma hora para outra. É verdade que a extensão das consequências foi limitada pela lista de 694 exceções, que inclui petróleo, aviões e suco de laranja, e isso foi um alívio. Esses produtos respondem por cerca de 43% das exportações brasileiras aos Estados Unidos. Mas a lista manteve a tarifa adicional para vários segmentos em que o Brasil é competitivo, como o de carnes, café e frutas. Perto do que se temia no início do mês, o estrago até que foi menor. Ainda assim, provocará muito prejuízo. Por isso é essencial nos próximos dias e semanas tentar aumentar o número de produtos isentos da sobretaxa.