Tânia Monteiro
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Lula discursa na abertura de encontro com prefeitos: exaltado, afirmou que imprensa foi "pequena" e fez "insinuações grotescas" ao dizer que o evento servirá de palanque para Dilma.
Para Lula, imprensa foi ""pequena"" ao ligar Dilma a benesses a prefeitos
Presidente reclama da forma como jornais anunciaram o parcelamento de dívidas de municípios em até 240 meses
Irritado com os jornais que trataram o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas como um ato político-eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a solenidade de abertura da reunião, ontem, em Brasília, para responder à crítica de que o Planalto montou um "pacote de bondades" para cooptar os dirigentes municipais - entre outras medidas, conforme o Estado noticiou ontem, o governo aumentou o parcelamento das dívidas de prefeituras com o INSS de 60 para até 240 meses.
Para Lula, a imprensa foi "pequena" ao tratar as concessões do Planalto como benesses oferecidas aos municípios de olho nas eleições de 2010 e para arregimentar apoio para a ministra e pré-candidata Dilma Rousseff.
Admitindo que estava "virado", mal-humorado, o presidente chegou a fazer uma revisão da reiterada declaração de que foi eleito "graças à liberdade de imprensa". Ontem, em um discurso inflamado, afirmou: "Não é porque a imprensa me ajudou que fui eleito, mas porque suei para enfrentar o preconceito e o ódio dos de cima para com os de baixo". No embalo, chamou as notícias sobre o "pacote de bondades" da União de "insinuações grotescas". E acrescentou: "Nunca fui eleito porque a imprensa brasileira ajudou. Fui eleito porque o povo quis". Em 2008, em entrevista à revista Piauí, Lula já havia dito que ficava "com azia" quando lia jornais.
"Estou meio frustrado. Tem dia em que a gente acorda virado e, se cair um pingo de suor no copo, vira limonada", afirmou o presidente, ao revelar o desconforto com o noticiário.
Diante de cerca de 3.500 prefeitos, o presidente fez um ataque indireto ao governo de São Paulo, sem citar o nome do governador José Serra (PSDB). Ao falar sobre educação, Lula se dirigiu ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e disse que o Estado mais rico do País tem 10% de analfabetos. "Kassab, você vai cair da cadeira. Você não sabe e eu não sabia, mas no Estado de São Paulo ainda temos 10% de analfabetos. O Estado mais rico da federação.
Significa que tem alguma coisa errada", disse o presidente, causando constrangimento ao prefeito, aliado de Serra.
No início da noite, o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), disse que é "mentiroso" o dado apresentado pelo presidente. Segundo Aníbal, o dado dos 10% é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1991. O último dado da PNAD é de 2007 e diz que 4,6% da população paulista, acima de 15 anos, é que é analfabeta. "(Lula) passou uma mentira como se fosse uma verdade. Foi uma propaganda e mostra a deliberada intenção política desse ato", afirmou o deputado. "É muito grave usar um dado mentiroso."
Lula criticou a burocracia que, na sua opinião, atrapalha a liberação de obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). "Vivemos a burocracia do preencha a papelada, se não preencher você está ilegal. E se estiver ilegal o TCU e o Ministério Público vêm em cima de você, e vem processo", afirmou, tendo ao lado o presidente do Tribunal de Contas da União, Ubiratan Aguiar, responsável pelo embargo de obras do PAC. "Então, cumpra-se a papelada, preencha-se cada palavra e cada letra. É assim a máquina pública brasileira."
No "pacote de ataques" do presidente, sobrou até para a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Depois de afirmar que o PAC atrasou no final do ano passado por causa das eleições municipais, Lula declarou que a crise econômica não vai atrapalhar as obras. "Nós cortaremos o batom da dona Dilma, cortaremos (a verba para) o meu corte de unha, mas não cortaremos nenhuma obra do PAC."
Um das informações que mais incomodaram o presidente foi a que tratou o encontro de prefeitos como um ato político para arregimentar apoio para a ministra Dilma.
"Fiquei triste como leitor porque abusaram de minha inteligência e pensam que o povo é marionete, pensa como manada, é vaca de presépio. As pessoas não percebem que o povo consegue pensar com sua própria cabeça. (...) Acabou o tempo em que alguém achava que poderia influenciar uma eleição por ser formador de opinião"", afirmou Lula, no discurso de 50 minutos.
FRASE
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Lula discursa na abertura de encontro com prefeitos: exaltado, afirmou que imprensa foi "pequena" e fez "insinuações grotescas" ao dizer que o evento servirá de palanque para Dilma.
Para Lula, imprensa foi ""pequena"" ao ligar Dilma a benesses a prefeitos
Presidente reclama da forma como jornais anunciaram o parcelamento de dívidas de municípios em até 240 meses
Irritado com os jornais que trataram o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas como um ato político-eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a solenidade de abertura da reunião, ontem, em Brasília, para responder à crítica de que o Planalto montou um "pacote de bondades" para cooptar os dirigentes municipais - entre outras medidas, conforme o Estado noticiou ontem, o governo aumentou o parcelamento das dívidas de prefeituras com o INSS de 60 para até 240 meses.
Para Lula, a imprensa foi "pequena" ao tratar as concessões do Planalto como benesses oferecidas aos municípios de olho nas eleições de 2010 e para arregimentar apoio para a ministra e pré-candidata Dilma Rousseff.
Admitindo que estava "virado", mal-humorado, o presidente chegou a fazer uma revisão da reiterada declaração de que foi eleito "graças à liberdade de imprensa". Ontem, em um discurso inflamado, afirmou: "Não é porque a imprensa me ajudou que fui eleito, mas porque suei para enfrentar o preconceito e o ódio dos de cima para com os de baixo". No embalo, chamou as notícias sobre o "pacote de bondades" da União de "insinuações grotescas". E acrescentou: "Nunca fui eleito porque a imprensa brasileira ajudou. Fui eleito porque o povo quis". Em 2008, em entrevista à revista Piauí, Lula já havia dito que ficava "com azia" quando lia jornais.
"Estou meio frustrado. Tem dia em que a gente acorda virado e, se cair um pingo de suor no copo, vira limonada", afirmou o presidente, ao revelar o desconforto com o noticiário.
Diante de cerca de 3.500 prefeitos, o presidente fez um ataque indireto ao governo de São Paulo, sem citar o nome do governador José Serra (PSDB). Ao falar sobre educação, Lula se dirigiu ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e disse que o Estado mais rico do País tem 10% de analfabetos. "Kassab, você vai cair da cadeira. Você não sabe e eu não sabia, mas no Estado de São Paulo ainda temos 10% de analfabetos. O Estado mais rico da federação.
Significa que tem alguma coisa errada", disse o presidente, causando constrangimento ao prefeito, aliado de Serra.
No início da noite, o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), disse que é "mentiroso" o dado apresentado pelo presidente. Segundo Aníbal, o dado dos 10% é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1991. O último dado da PNAD é de 2007 e diz que 4,6% da população paulista, acima de 15 anos, é que é analfabeta. "(Lula) passou uma mentira como se fosse uma verdade. Foi uma propaganda e mostra a deliberada intenção política desse ato", afirmou o deputado. "É muito grave usar um dado mentiroso."
Lula criticou a burocracia que, na sua opinião, atrapalha a liberação de obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). "Vivemos a burocracia do preencha a papelada, se não preencher você está ilegal. E se estiver ilegal o TCU e o Ministério Público vêm em cima de você, e vem processo", afirmou, tendo ao lado o presidente do Tribunal de Contas da União, Ubiratan Aguiar, responsável pelo embargo de obras do PAC. "Então, cumpra-se a papelada, preencha-se cada palavra e cada letra. É assim a máquina pública brasileira."
No "pacote de ataques" do presidente, sobrou até para a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Depois de afirmar que o PAC atrasou no final do ano passado por causa das eleições municipais, Lula declarou que a crise econômica não vai atrapalhar as obras. "Nós cortaremos o batom da dona Dilma, cortaremos (a verba para) o meu corte de unha, mas não cortaremos nenhuma obra do PAC."
Um das informações que mais incomodaram o presidente foi a que tratou o encontro de prefeitos como um ato político para arregimentar apoio para a ministra Dilma.
"Fiquei triste como leitor porque abusaram de minha inteligência e pensam que o povo é marionete, pensa como manada, é vaca de presépio. As pessoas não percebem que o povo consegue pensar com sua própria cabeça. (...) Acabou o tempo em que alguém achava que poderia influenciar uma eleição por ser formador de opinião"", afirmou Lula, no discurso de 50 minutos.
FRASE
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
"Nós cortaremos o batom da dona Dilma, cortaremos (a verba para) o meu corte de unha, mas não cortaremos nenhuma obra do PAC"
Nenhum comentário:
Postar um comentário