Ricardo Galhardo
DEU EM O GLOBO
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Presidente deposto de Honduras e representantes da OEA vislumbram solução para impasse nos próximos 10 dias
TEGUCIGALPA. O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Tegucigalpa avaliaram ontem que uma solução para a crise que se arrasta por mais de três meses pode ocorrer nos próximos dias.
Na avaliação do presidente deposto, existem 90% de chances de uma solução para a crise nos próximos dez dias. Ele disse estar disposto a abrir mão da convocação de uma Assembleia Constituinte que poderia instituir a reeleição, pivô do golpe que o derrubou no dia 28 de junho, e reiterou estar à disposição da Justiça para responder pelos 18 crimes dos quais é acusado. Zelaya, porém, não abre mão de sua restituição, que, segundo ele, seria um exemplo de que o continente não aceita mais golpes.
- Sou a solução para as eleições. Sou a solução para a crise - disse Zelaya em entrevista à TV Globo, ontem à tarde.
O secretário de Assuntos Políticos da OEA, Víctor Rico, também prevê uma solução para a crise. Segundo ele, a reunião de chanceleres marcada para quarta-feira deve ser acompanhada de resultados concretos:
- O secretário-geral disse que o que esperamos é que a reunião de chanceleres traga um resultado para esta crise.
Ontem, um grupo de membros de movimentos sociais que integram a Frente Nacional de Resistência divulgou uma nota pedindo a revogação do decreto que suspende as liberdades civis básicas, em vigor desde 26 de setembro. O comunicado é assinado por Rasel Tomé, que acompanha Zelaya desde o dia 21 na embaixada brasileira.
Diante do rechaço de diversos setores que apoiaram o golpe, como o Congresso, a Igreja, a Corte Suprema e o empresariado, o presidente interino Roberto Micheletti prometeu revogar o decreto na semana passada, mas não cumpriu a palavra.
Em Bruxelas, onde acompanha a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Exterior, Celso Amorim, disse acreditar que a situação em Honduras está mais favorável para negociações. Amorim afirmou ainda que a presença de Zelaya em Tegucigalpa contribui para que haja diálogo. Já Lula se recusou a responder perguntas sobre o assunto e disse que Honduras agora é um assunto para a OEA.
Colaborou Fernando Duarte, de Bruxelas
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