DEU NO ESTADO DE MINAS
Presidente venezuelano sugere que as Farc deixem as armas e destaca Lula e Mujica como exemplos de uma nova postura política. Equador marca reunião emergencial da Unasul
Viviane Vaz
Brasília. Para acabar com o conflito bilateral entre seu país e a Colômbia, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, sugeriu às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que deixem o caminho das armas. Para ele, a estratégia armada dos grupos guerrilheiros tem servido de pretexto para as trocas de farpas entre seu governo, o do colombiano Álvaro Uribe e o dos Estados Unidos que ele insiste em chamar de império ianque. E para demonstrar que o mundo não é mais o mesmo dos anos 1960, quando as guerrilhas de esquerda começaram a lutar pelo poder na Colômbia, Chávez recordou alguns exemplos no Brasil e na região. Aí está Pepe Mujica (ex-guerrilheiro Tupumaro, presidente do Uruguai), está Daniel (Ortega, presidente da Nicarágua), está Evo (Morales, presidente da Bolívia), está Lula e estará Dilma (Rousseff), enfrentando as oligarquias e o imperialismo, destacou Chávez à audiência formada por sindicalistas latino-americanos.
A guerrilha colombiana deveria considerar seriamente o chamado que lhe fazemos. O mundo de hoje não é o mesmo dos (anos) 60. Deveriam reconsiderar sua estratégia armada. Acho que não há condições na Colômbia para que eles em um prazo previsível possam tomar o poder, disse em um ato público divulgado pela televisão estatal na noite de sexta-feira. O mandatário venezuelano completou que a luta armada serve de desculpa para os Estados Unidos "penetrarem" na Colômbia e agredirem os países vizinhos.
Ontem, o presidente da Bolívia, Evo Morales, fez um pedido para uma reunião de emergência do bloco à União de Nações Sul-Americanas (Unasul), com o objetivo de buscar soluções para o conflito. Quero pedir ao presidente interino da Unasul, ao presidente (equatoriano Rafael) Correa, que convoque emergencialmente os 12 presidentes da Unasul, e que sejamos nós que resolvamos este problema entre a Colômbia e a Venezuela", disse Morales em discurso na região produtora de coca das Yungas. A Venezuela já havia solicitado uma reunião da Unasul.
Mais tarde, o governo equatoriano, que exerce a Presidência rotativa do bloco, concordou com o pedido e, na tarde de ontem, informou que a reunião deverá ocorrer na quinta-feira. O encontro foi coordenado pelo chanceler equatoriano, Ricardo Patiño. "A agenda proposta abordará, como pontos principais, o rompimento de relações entre a Venezuela e a Colômbia e a adoção de mecanismos que possibilitem o fortalecimento do diálogo e da paz na região", acrescentou o texto do comunicado.
No mesmo dia, em um ato público em Pernambuco, Lula afirmou que vai conversar pessoalmente com Chávez em uma visita a Caracas, prevista para 6 de agosto, e que estranhou o fato de o presidente colombiano, Álvaro Uribe, ter feito uma denúncia contra o país vizinho à Organização dos Estados Americanos (OEA) pouco mais de um mês antes de deixar o governo. As Farc são um problema da Colômbia e acho que deve ser tratado pela Colômbia. Os problemas da Venezuela devem ser tratados pela Venezuela, completou Lula.
Em uma turnê pelos países latino-americanos, o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, prefere a tática do silêncio e da discrição até assumir o cargo em 7 de agosto. Ele se reuniu ontem com o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, e fez declarações públicas, sem tocar no tema da tensão entre Colômbia e Venezuela. Ele está hoje na Costa Rica, onde se encontra com a presidente Laura Chinchilla.
O presidente colombiano disse que o ataque foi produto do estado de necessidade e não é o ideal ante o direito internacional. Pedimos perdão ao Equador. Uribe lançou ontem uma campanha nacional para incentivar o comércio de Cúcuta, cidade na fronteira com a Venezuela das mais afetadas pela crise bilateral. Que as companhias aéreas disponibilizem muitas passagens baratas para Cúcuta, que o comércio tenha as melhores mercadorias. Que às 17h, às 18h não tenham mais o que vender. Não vamos te abandonar, Cúcuta, disse Uribe.
ACUSAÇÕES
Presidente venezuelano sugere que as Farc deixem as armas e destaca Lula e Mujica como exemplos de uma nova postura política. Equador marca reunião emergencial da Unasul
Viviane Vaz
Brasília. Para acabar com o conflito bilateral entre seu país e a Colômbia, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, sugeriu às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que deixem o caminho das armas. Para ele, a estratégia armada dos grupos guerrilheiros tem servido de pretexto para as trocas de farpas entre seu governo, o do colombiano Álvaro Uribe e o dos Estados Unidos que ele insiste em chamar de império ianque. E para demonstrar que o mundo não é mais o mesmo dos anos 1960, quando as guerrilhas de esquerda começaram a lutar pelo poder na Colômbia, Chávez recordou alguns exemplos no Brasil e na região. Aí está Pepe Mujica (ex-guerrilheiro Tupumaro, presidente do Uruguai), está Daniel (Ortega, presidente da Nicarágua), está Evo (Morales, presidente da Bolívia), está Lula e estará Dilma (Rousseff), enfrentando as oligarquias e o imperialismo, destacou Chávez à audiência formada por sindicalistas latino-americanos.
A guerrilha colombiana deveria considerar seriamente o chamado que lhe fazemos. O mundo de hoje não é o mesmo dos (anos) 60. Deveriam reconsiderar sua estratégia armada. Acho que não há condições na Colômbia para que eles em um prazo previsível possam tomar o poder, disse em um ato público divulgado pela televisão estatal na noite de sexta-feira. O mandatário venezuelano completou que a luta armada serve de desculpa para os Estados Unidos "penetrarem" na Colômbia e agredirem os países vizinhos.
Ontem, o presidente da Bolívia, Evo Morales, fez um pedido para uma reunião de emergência do bloco à União de Nações Sul-Americanas (Unasul), com o objetivo de buscar soluções para o conflito. Quero pedir ao presidente interino da Unasul, ao presidente (equatoriano Rafael) Correa, que convoque emergencialmente os 12 presidentes da Unasul, e que sejamos nós que resolvamos este problema entre a Colômbia e a Venezuela", disse Morales em discurso na região produtora de coca das Yungas. A Venezuela já havia solicitado uma reunião da Unasul.
Mais tarde, o governo equatoriano, que exerce a Presidência rotativa do bloco, concordou com o pedido e, na tarde de ontem, informou que a reunião deverá ocorrer na quinta-feira. O encontro foi coordenado pelo chanceler equatoriano, Ricardo Patiño. "A agenda proposta abordará, como pontos principais, o rompimento de relações entre a Venezuela e a Colômbia e a adoção de mecanismos que possibilitem o fortalecimento do diálogo e da paz na região", acrescentou o texto do comunicado.
No mesmo dia, em um ato público em Pernambuco, Lula afirmou que vai conversar pessoalmente com Chávez em uma visita a Caracas, prevista para 6 de agosto, e que estranhou o fato de o presidente colombiano, Álvaro Uribe, ter feito uma denúncia contra o país vizinho à Organização dos Estados Americanos (OEA) pouco mais de um mês antes de deixar o governo. As Farc são um problema da Colômbia e acho que deve ser tratado pela Colômbia. Os problemas da Venezuela devem ser tratados pela Venezuela, completou Lula.
Em uma turnê pelos países latino-americanos, o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, prefere a tática do silêncio e da discrição até assumir o cargo em 7 de agosto. Ele se reuniu ontem com o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, e fez declarações públicas, sem tocar no tema da tensão entre Colômbia e Venezuela. Ele está hoje na Costa Rica, onde se encontra com a presidente Laura Chinchilla.
O presidente colombiano disse que o ataque foi produto do estado de necessidade e não é o ideal ante o direito internacional. Pedimos perdão ao Equador. Uribe lançou ontem uma campanha nacional para incentivar o comércio de Cúcuta, cidade na fronteira com a Venezuela das mais afetadas pela crise bilateral. Que as companhias aéreas disponibilizem muitas passagens baratas para Cúcuta, que o comércio tenha as melhores mercadorias. Que às 17h, às 18h não tenham mais o que vender. Não vamos te abandonar, Cúcuta, disse Uribe.
ACUSAÇÕES
Ontem, fontes policiais colombianas revelaram ao jornal venezuelano El Universal que os máximos representantes das Farc se reuniram com funcionários de 2002 a 2009, segundo demonstram as evidências reunidas no computador de um dos líderes guerrilheiro, Luis Edgar Devia, mais conhecido por Raúl Reyes.
Ao todo, os policiais tiveram acesso a 1.145 documentos com referências à Venezuela, incluindo antigos funcionários do governo Chávez. Entre eles estariam textos e imagens sobre a presença de familiares de "Marcos Calarcá" na Venezuela, que "representava" as Farc no México, até ser expulso pelo então presidente mexicano, Vincent Fox, em 2002. Atualmente, Calarcá seria o porta-voz internacional da guerrilha.
Os documentos mencionados pelos policiais estabelecem as coordenadas de três acampamentos das Farc no Noroeste do território venezuelano: o Bolivariano (N10°4042 W72°3203); o Ernesto (N10°4103 W72°3203) e o Berta (Santrich) (N10°4051 W72°3026). Segundo o embaixador colombiano para a OEA, Luis Alfonso Hoyos, essas provas foram entregues a Chávez "há muitos anos", mas não obtiveram "nenhuma resposta" do governo venezuelano. Hoyos ressalta que a guerrilha estaria nos quatro estados venezuelanos que fazem fronteira com a Colômbia: Zulia, Táchira, Apure e Amazonas.
Ao todo, os policiais tiveram acesso a 1.145 documentos com referências à Venezuela, incluindo antigos funcionários do governo Chávez. Entre eles estariam textos e imagens sobre a presença de familiares de "Marcos Calarcá" na Venezuela, que "representava" as Farc no México, até ser expulso pelo então presidente mexicano, Vincent Fox, em 2002. Atualmente, Calarcá seria o porta-voz internacional da guerrilha.
Os documentos mencionados pelos policiais estabelecem as coordenadas de três acampamentos das Farc no Noroeste do território venezuelano: o Bolivariano (N10°4042 W72°3203); o Ernesto (N10°4103 W72°3203) e o Berta (Santrich) (N10°4051 W72°3026). Segundo o embaixador colombiano para a OEA, Luis Alfonso Hoyos, essas provas foram entregues a Chávez "há muitos anos", mas não obtiveram "nenhuma resposta" do governo venezuelano. Hoyos ressalta que a guerrilha estaria nos quatro estados venezuelanos que fazem fronteira com a Colômbia: Zulia, Táchira, Apure e Amazonas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário