DEU NO JORNAL DO BRASIL
Pelo visto e ouvido, Lula chegou à Presidência para ficar, sem desmerecer os concorrentes, tanto tempo quanto possível. Pode-se dizer, sem outra intenção, que se deu bem com os meandros do poder. Bem demais, em todo caso, e melhor do que a recíproca, pois não consta que o poder se sentiu à vontade em relação a ele. A informalidade do presidente não caiu bem aos olhos do que se entende por sociedade. Conforme a plateia e as circunstâncias, o presidente se leva ao pé da letra. Convenceu-se de que o Brasil não será o mesmo depois dele. Por sua vez, se considera modestamente outro, passado a limpo, paletó e gravata, verbo solto, com direito a dizer desaforos. Desistiu de esperar pelo resultado. Já se apresenta muito diferente, não só do que era mas também do que gostaria de ter sido.
Dia virá em que cobrará publicamente do seu antecessor ter inventado a reeleição mas limitado o prêmio de quem se elege, sem desconfiar que a popularidade dele tem menos a ver com o que parece do que com o que não aparece. Também não espera mais a simpatia daqueles 20% que faltam para chegar à plenitude dos 100% (ou mais, pois tudo se tornou possível) de aprovação popular. Do que teve a oferecer, nada foi para o bico da classe média. É suficiente apenas para atender à parte inferior da pirâmide social (onde ficam muitos que se contentam com pouco) e para o vértice (constituído dos poucos que ficam insatisfeitos com o muito que lhes toca na chamada divisão do bolo).
Os do meio, a classe média, que se fomentem.
O fato é que o presidente não se preparou para a hora final, quando o prestígio oficial cai verticalmente.
O encanto acaba, e o vazio facilita a conclusão segundo a qual, do lado de fora do poder, o mundo não é tão bonito quanto visto de dentro.
Confirmada a inviabilidade do terceiro mandato, só lhe restou a distração de negociar a composição societária em que o PT e o PMDB iriam estraçalhar, um pela direita e outro pela esquerda, mesmo sem o complemento direto exigido pelo verbo.
Não por arrogância, que não tem, mas por jactância, que esbanja, avisou: Não pensem que vou sair do debate sobre o pré-sal. Está a mil a cabeça de maior acionista da empresa Brasil, depois que assimilou a versatilidade do capitalismo, que tanto aprecia a fusão quanto a confusão. Por não ser deste nem do outro mundo, ficará por conta do destino, junto ao qual fez um débito de que a História foi avalista e terá de honrar. E aí foi que ficou à vista o que seria melhor disfarçar: o presidente multado, meia dúzia de vezes, por abuso de propaganda eleitoral fora de hora e de lugar. Já é consequência, e não causa, de um Brasil que não pode ser atribuído aos dois mandatos de Lula. Ao contrário, pois o presidente foi eleito por esse Brasil de que se fala bem, e não deste do qual a política trata sem o devido respeito e se serve sem pudor. Ou será ao contrário?
Pelo visto e ouvido, Lula chegou à Presidência para ficar, sem desmerecer os concorrentes, tanto tempo quanto possível. Pode-se dizer, sem outra intenção, que se deu bem com os meandros do poder. Bem demais, em todo caso, e melhor do que a recíproca, pois não consta que o poder se sentiu à vontade em relação a ele. A informalidade do presidente não caiu bem aos olhos do que se entende por sociedade. Conforme a plateia e as circunstâncias, o presidente se leva ao pé da letra. Convenceu-se de que o Brasil não será o mesmo depois dele. Por sua vez, se considera modestamente outro, passado a limpo, paletó e gravata, verbo solto, com direito a dizer desaforos. Desistiu de esperar pelo resultado. Já se apresenta muito diferente, não só do que era mas também do que gostaria de ter sido.
Dia virá em que cobrará publicamente do seu antecessor ter inventado a reeleição mas limitado o prêmio de quem se elege, sem desconfiar que a popularidade dele tem menos a ver com o que parece do que com o que não aparece. Também não espera mais a simpatia daqueles 20% que faltam para chegar à plenitude dos 100% (ou mais, pois tudo se tornou possível) de aprovação popular. Do que teve a oferecer, nada foi para o bico da classe média. É suficiente apenas para atender à parte inferior da pirâmide social (onde ficam muitos que se contentam com pouco) e para o vértice (constituído dos poucos que ficam insatisfeitos com o muito que lhes toca na chamada divisão do bolo).
Os do meio, a classe média, que se fomentem.
O fato é que o presidente não se preparou para a hora final, quando o prestígio oficial cai verticalmente.
O encanto acaba, e o vazio facilita a conclusão segundo a qual, do lado de fora do poder, o mundo não é tão bonito quanto visto de dentro.
Confirmada a inviabilidade do terceiro mandato, só lhe restou a distração de negociar a composição societária em que o PT e o PMDB iriam estraçalhar, um pela direita e outro pela esquerda, mesmo sem o complemento direto exigido pelo verbo.
Não por arrogância, que não tem, mas por jactância, que esbanja, avisou: Não pensem que vou sair do debate sobre o pré-sal. Está a mil a cabeça de maior acionista da empresa Brasil, depois que assimilou a versatilidade do capitalismo, que tanto aprecia a fusão quanto a confusão. Por não ser deste nem do outro mundo, ficará por conta do destino, junto ao qual fez um débito de que a História foi avalista e terá de honrar. E aí foi que ficou à vista o que seria melhor disfarçar: o presidente multado, meia dúzia de vezes, por abuso de propaganda eleitoral fora de hora e de lugar. Já é consequência, e não causa, de um Brasil que não pode ser atribuído aos dois mandatos de Lula. Ao contrário, pois o presidente foi eleito por esse Brasil de que se fala bem, e não deste do qual a política trata sem o devido respeito e se serve sem pudor. Ou será ao contrário?
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