terça-feira, 26 de outubro de 2010

Jornalista é indiciado por quatro crimes

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Ligado ao "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, o jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi indiciado ontem, após depoimento de 6 horas à Polícia Federal, por violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e suborno, no caso de quebra de sigilo fiscal de dirigentes do PSDB e da filha do candidato José Serra, Verônica.

Pivô de espionagem contra tucanos é indiciado pela PF

Amaury Ribeiro Jr. vai responder por 4 crimes, incluindo corrupção, [br]violação de sigilo fiscal e suborno de testemunha

Carol Pires / BRASÍLIA

Pivô do escândalo da quebra de sigilo de dirigentes tucanos e ligado ao grupo de inteligência da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), o jornalista Amaury Ribeiro Júnior foi indiciado ontem, após seis horas de depoimento na superintendência da Polícia Federal (PF), por quatro crimes: violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos, e suborno de testemunha. Ele deixou a PF sem falar com a imprensa.

Sem apontar nomes, o advogado Adriano Bretas disse que Amaury está sendo usado como "bode expiatório". "A defesa vê o indiciamento de forma positiva, porque as especulações a respeito dos fatos vão ser cessadas. Vai ser esclarecido que ele não cometeu crime algum."

Amaury é investigado pela violação do sigilo fiscal de integrantes da cúpula do PSDB, além de Verônica Serra, filha do candidato à Presidência José Serra. Segundo as investigações, ele encomendou e pagou pelo acesso ilegal às informações, crime cometido em agências da Receita em Mauá e Santo André, no ABC paulista. Os documentos acabaram em poder do núcleo de inteligência da pré-campanha de Dilma.

O jornalista ratificou ontem ao delegado Hugo Uruguai informações já dadas à PF em três depoimentos anteriores, mas silenciou diante das novas perguntas. Há dúvidas como, por exemplo, a fonte dos R$ 12 mil que ele teria pago em outubro de 2009 ao despachante Dirceu Garcia, de São Paulo, para obtenção dos dados, e de R$ 5 mil pagos no mês passado, como um "cala-boca".

O advogado disse que Amaury estava em Manaus quando os R$ 5 mil foram depositados na conta do despachante. "Ele nega ter pago qualquer valor ou vantagem indevida para quebrar sigilo ou para fazer o que fosse."

Silêncio. Bretas disse ter orientado Amaury a não responder a algumas questões porque não teve acesso prévio ao inquérito. "Ele se reservou ao direito ao silêncio em relação a perguntas repetidas, a respeito de fatos que ele já havia esclarecido."

No dia 15, Amaury disse que recebeu a missão de investigar os tucanos do jornal onde trabalhava, o Estado de Minas, para proteger o então governador Aécio Neves de suposta espionagem conduzida pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), a serviço de Serra. O jornalista estava de férias na época da violação e, um mês depois, saiu do jornal. Em nota, Aécio garantiu que "nunca encomendou nada contra ninguém, menos ainda usando um jornal". Amaury saiu do Estado de Minas no fim de 2009, mas diz ter um relatório da apuração. Segundo ele, esses dados foram copiados de seu computador pelo deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), que nega o fato.

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