sábado, 24 de setembro de 2011

Gerdau: Saúde precisa, primeiro, melhorar gestão

Empresário discorda de presidente Dilma e preconiza mudanças administrativas no setor em vez de se criar novo imposto

Chico de Gois

BRASÍLIA. Na contramão da presidente Dilma Rousseff, que na semana passada afirmou que o problema na área da Saúde não se resolve apenas com gestão, mas com mais recursos, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter - que preside a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, vinculada à Presidência - disse que, antes de criar um novo imposto, a Saúde precisa melhorar sua gestão. Apresentar propostas e soluções para a melhoria administrativa no setor de Saúde Pública é uma das principais tarefas da Câmara.

Contrário à criação de um novo imposto para financiar o setor, Gerdau afirmou que o Brasil tem uma carga tributária muito grande e que os excessos de arrecadação podem servir como fonte de mais verbas para a Saúde. Nesta semana, a Câmara derrubou a possibilidade de uma nova CPMF durante a votação do projeto de lei que determina os investimentos de estados e municípios na Saúde.

- Eu, pessoalmente, sou contra qualquer tipo de aumento de imposto enquanto não esgotei minha competência de melhoria de gestão. Muitas vezes, mais dinheiro estimula não acelerar a melhoria de gestão - declarou Gerdau, após participar ontem, no Palácio do Planalto, de mais uma reunião da Câmara, que tratou, entre outros temas, da gestão na Saúde.

Gerdau reconheceu a complexidade do problema da Saúde e que, para dar conta com qualidade, o governo precisaria gastar praticamente um Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas pelo país) inteiro. Além disso, observou, é uma tarefa que envolve as três instâncias de governo - federal, estaduais e municipais. No entanto, ponderou, é preciso saber onde são gastos os recursos já destinados ao setor.

- Enquanto houver deficiência de gestão significativa como tem na área da Saúde, é preciso, no meu entender, não fazer aumento de impostos. A carga tributária no país já tem um nível que não deveria permitir pensar em novos impostos; ao contrário - afirmou Gerdau.

Nova CPMF prejudicaria competitividade do país

Ele disse que algumas medidas já adotadas na área, como a centralização e acompanhamento de compras, estão gerando economia. Mas não deu dados mais concretos sobre essa economia.

O consultor palaciano afirmou que o governo tem conseguido aumentar significativamente sua arrecadação e, portanto, não há necessidade de mais um imposto. Com a experiência de ser um dos grandes empresários brasileiros, disse que um tributo como a antiga CPMF é cumulativo e prejudica a competitividade do país. Segundo seu raciocínio, a taxação sobre movimentação financeira beneficia os importadores ou a produção externa, em vez de estimular a competitividade da produção interna.

- Se você analisar as reais necessidades de fazer um programa ideal, gastaria um PIB brasileiro só com a Saúde. É preciso fazer várias políticas para atender os mais necessitados e gerenciar o processo de custo e eficiência. No meu entender, você não equaciona os problemas da Saúde sem discussões e definições quase estruturais, macros. Para onde vão os recursos escassos da saúde?

Gerdau sugeriu que o país aprenda a gerenciar melhor seus recursos, em todas as áreas, sem aumentar a carga tributária.

Questionado se a corrupção é um problema na Saúde, o empresário foi diplomático.

- É difícil, com o tamanho do orçamento que o Ministério (da Saúde) tem, não existir problemas... não sei se de corrupção ou ineficiência.Mas, para o bolso do contribuinte, ineficiência ou corrupção custa igual. É preciso trabalhar e combater os dois.

FONTE: O GLOBO

3 comentários:

José disse...

Gerdau sobre a Saúde: "um programa ideal" para "as reais necessidades", gastaria um PIB brasileiro; "ao invés disso vamos antes perguntar aos pacientes (leigos!) se havia esparadrapo suficiente"...(sairá mais barato).
Gerdau sabe tudo de saúde, hein?

José disse...

Gerdau sobre a Saúde: "um programa ideal" para "as reais necessidades", gastaria um PIB brasileiro; "ao invés disso vamos antes perguntar aos pacientes (leigos!) se havia esparadrapo suficiente"...(sairá mais barato).
Gerdau sabe tudo de saúde, hein?

José disse...

Sendo Gerdau um leigo em saúde, para um "parecer" desses ele apoia-se em qual(is) estudo(s) de caso(s) seja na rede pública mundo afora seja na rede privada? Por exemplo, a Rede d'Or ou a Rede Labs, no Rio de Janeiro, tem experiências assim?