Petista
diz que foco não é o Planalto, mas fala em apurar "doa a quem doer"
A CPI
Mista que investigará o bicheiro Carlinhos Cachoeira e suas conexões com o
mundo político e a construtora Delta terá o ritmo ditado pelo deputado Odair
Cunha, de Minas. Escolhido relator, ele afirmou ser um petista "fiel"
e disse que o foco é o contraventor: "Não se trata de uma investigação que
vá para cima do Planalto ou qualquer membro do governo". Admitiu, porém,
mudança de rumo, "doa a quem doer", dependendo do avanço das
investigações. Com 41 dos 63 parlamentares, os governistas terão o controle da
CPI. O PMDB escalou políticos suplentes e inexperientes, deixando ao PT a
tarefa de blindar o Planalto. O presidente do Senado, José Sarney, disse que o
Congresso viverá "algum tempo de muitas revelações e turbulências".
Fiel
petista à frente de CPI
PMDB escala segundo time e deixa para PT a
tarefa de blindar o Planalto nas investigações
Maria Lima
TENTÁCULOS DA CONTRAVENÇÃO
Caberá ao PT ir para a linha de frente na
defesa do governo na CPI mista de Carlinhos Cachoeira, que terá a primeira
reunião hoje para eleger e oficializar a escolha do presidente, o senador Vital
do Rêgo (PMDB-PB), e do relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG). Principal
partido da base governista no Congresso, o PMDB lavou as mãos ao indicar nomes
considerados fracos e inexperientes em CPIs, deixando para o PT a tarefa
espinhosa de blindar o governo dos ataques da oposição. Com a escolha de Odair,
um jovem petista disciplinado e afinado com o Planalto, o ex-presidente Lula
foi derrotado, por não conseguir emplacar Cândido Vaccarezza (PT-SP),
considerado mais agressivo.
Segundo líderes governistas, Lula brigou por
Vaccarezza até o fim, mas o Planalto o vetou e tentou impor Paulo Teixeira
(PT-SP). Diante do impasse, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), e o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), agiram para escolher
Odair. Com a preocupação crescente no PT e partidos aliados sobre os rumos da
CPI, Lula desembarca hoje em Brasília para encontros com a presidente Dilma
Rousseff e líderes de PT e PMDB.
O relator terá o poder de ditar o ritmo das
investigações. Após ser anunciado, ontem, já adotou um tom moderado, afirmando
que as investigações serão sérias, "doa a quem doer", mas teve o
cuidado de ressaltar que isso não significa envolver governo:
- Todos temos relação com o governo da
presidenta Dilma, mas temos clareza de que estamos investigando o Carlinhos
Cachoeira e suas relações. Não se trata de uma investigação que,
necessariamente, vá para cima do Planalto ou qualquer membro do governo.
Queremos investigar o fato determinado, que originou a CPMI. Se no curso das
investigações (surgirem alguns governistas), a partir dos indícios e das
provas, vamos produzir a investigação, doa a quem doer. Vamos produzir uma
investigação séria, serena e que realmente identifique esse poder paralelo que
se instalou, a partir das relações do Carlos Cachoeira - disse Odair, negando
que fará mais pelo governo do que outros petistas cotados para relator: - Sou
tão fiel quanto qualquer outro petista.
PMDB indica suplentes
Pela manhã, o líder do PMDB no Senado, Renan
Calheiros (AL), reuniu-se com a ministra de Relações Institucionais, Ideli
Salvatti. Além de expor a preocupação com a CPI, pôs os senadores que
indicaria: o novato Sérgio Souza (PMDB-SC), suplente da ministra da Casa Civil,
Gleisi Hoffmann; Ricardo Ferraço (PMDB-ES), dos chamados independentes; Ciro
Nogueira (PP-PI); Paulo Davin (PV-RN), suplente do ministro Garibaldi Alves
(PMDB-RN); e Vital do Rêgo.
Com esses suplentes e estreantes em CPIs,
Renan mandou um recado ao governo: a bola está com o PT. Renan tentou indicar o
líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), para constrangê-lo a assumir
diariamente a defesa do governo. Braga não aceitou. Já um dos deputados
indicados pelo PMDB é João Magalhães (MG), processado e absolvido no STF por
ter sido denunciado como um da máfia dos sanguessugas.
Sem o primeiro time do PMDB, a liderança do
PT reforçou as indicações do bloco PT/PSB/PCdoB/PDT com Humberto Costa (PT-PE),
Lídice da Mata (PSB-BA), José Pimentel (PT-CE) e Vanessa Graziottin (PCdoB-MA).
O senador Pedro Taques (MT), considerado independente, também entrou na cota
governista.
A oposição vibrou com a dificuldade da base
de ter os mais experientes.
- Desse jeito, a oposição vai acabar tomando
conta dessa CPI - comentou o líder e presidente do DEM, senador José Agripino
Maia (RN).
FONTE: O GLOBO
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