Após ser escolhido, o relator Odair Cunha
(PT-MG) já declarou que investigações devem se voltar apenas a Cachoeira
João Domingos, Eugênia Lopes
BRASÍLIA - Com ampla maioria governista, a
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira começa a funcionar hoje
pronta para blindar o governo. Mal foi indicado como relator da CPI, o deputado
Odair Cunha (PT-MG) deixou claro, ontem, o limite das investigações: elas não
podem atingir o Planalto ou integrantes do governo. Dos 32 titulares da CPI, só
7 serão de partidos de oposição. “Temos que ter clareza de que estamos
investigando Carlinhos Cachoeira e suas relações.
Não é uma investigação que necessariamente vá
para cima do Planalto ou qualquer membro do governo. Queremos investigar o fato
determinado que originou a CPI”, disse Cunha, ao negar “conflito de interesse”
com o fato de ser vice-líder do governo e relator da comissão. “Não sou nem
mais nem menos governista do que qualquer deputado do PT.”
Num primeiro momento, a base aliada na CPI deverá poupar dois assessores do
Planalto que tiveram seus nomes ligados a Cachoeira. O ex-diretor do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio
Pagot acusou assessores do Planalto de atuarem para derrubá-lo, deixando vazar
informações de interesse da organização de Cachoeira.
A convocação de Pagot é vista como
inevitável, até por governistas. Em entrevista ao Estado, o ex- diretor do Dnit
disse que o subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações
Institu-cionais, Olavo Noleto, e o porta-voz da Presidência da República,
Thomas Traumann, repassaram dados de reunião sigilosa da pre-sidente Dilma
Rousseff com a cú-pula dos Transportes, em 5 de junho de 2011. Pagot alegou
que, como diretor do Dnit, afetou intresses da Delta Construções, o que teria
motivado retaliação do grupo de Cachoeira.
Antes de aprovar qualquer requerimento,
incluindo a convocação de Cachoeira, Odair Cunha afirmou que pretende analisar
os documentos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. “Queremos
produzir uma investigação séria e serena que identifique o poder paralelo que
se instalou a partir de Cachoeira.
Vazamento. O presidente da CPI, senador Vital
do Rego (PMDB-PB), mostrou-se mais preocupado com os vazamentos de documentos
das operações do que com as investigações da CPI. E antecipou que não vai
atender ao pedido da oposição para criar sub-relatorias . “As sub- relatorias
podem facilitar o vazamento”, argumentou.
A divulgação ontem dos nomes que integrarão a comissão parlamentar mista
evidenciou a estratégia do PMDB de tentar mostrar que a CPI é do PT. En- quanto
os petistas lançaram mão de suas estrelas e ex-líderes partidários, o PMDB
indicou parlamentares pouco expressivos.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário