Nos bastidores, CPI já é apelidada por
parlamentares de "Jim Jones" porque "todos morrerão
abraçados"
Maria Lima
BRASÍLIA. O clima de apreensão,
principalmente no PT e no Planalto, aumentou muito ontem com os rumos que vem
tomando a CPI Mista do Cachoeira. Antes manifestadas reservadamente, as
preocupações foram explicitadas depois que o líder do PR, senador Blairo Maggi
(MT), comunicou ontem, em reunião dos líderes da base com a ministra de
Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que o ex-diretor do Dnit Luiz Antônio
Pagot está incontrolável, depois de ter se desligado do PR.
Em meio ao susto, alguns parlamentares davam
ontem novo apelido à investigação: CPI Jim Jones, porque "vai morrer todo
mundo abraçado", numa referência ao suicídio coletivo em 1978, na Guiana,
que tinha à frente um líder de uma seita americana.
- O Pagot é um fio desencapado. Está
descontrolado. Já avisou que quer ser o primeiro a depor na CPI e vai falar de
tudo quanto é obra de rodovia e quem ordenou os contratos bichados em cada
estado - disse Blairo a Ideli, segundo relato de um dos participantes.
Na reunião da bancada do PT mais tarde, para
a escolha dos nomes, também se temia a imprevisibilidade com os rumos da CPI.
Alguns opositores da CPI no PT admitem que os
líderes se precipitaram em sua criação, quando o Supremo Tribunal Federal (STF)
se negou a enviar os autos dos inquéritos da Operação Monte Carlo. O senador
Wellington Dias (PT-PI) disse que há alguns dias ponderou que a CPI não vai
avançar na área de investigação:
- Eu ponderei: se já está tudo apurado e em
fase de julgamento para que CPI? Vai ser uma CPI meramente política. Mas com o
carro a 200 quilômetros por hora não tinha como parar, qualquer um que recuasse
pareceria medo de ser investigado - disse Wellington Dias, ontem.
Nos bastidores, não se descarta nem a
apresentação de requerimentos para convocação do procurador-geral da República,
Roberto Gurgel. E até ministros do STF poderiam ser convocados.
- Essa CPI é imprevisível. Ninguém sabe onde
vai dar, não - dizia Blairo, no final da tarde..
O senador Pedro Taques (PDT-MT), da ala
independente, não descarta retomar casos de antigos personagens como o
ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil Waldomiro Diniz e o escândalo da Gtech.
FONTE: O GLOBO
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