Enquanto o mundo político se digladia para definir a abrangência e os alvos
da CPI do Cachoeira, o mundo de Dilma providencia sacos de bondades para o
eleitor, ops, para a população.
No Congresso, o PT assume o controle da CPI para delimitar as investigações
no tempo e no espaço, a oposição esperneia por ser mera coadjuvante e Collor se
diverte ao estrear como vitrine em CPIs. O PMDB assiste a tudo de camarote,
esperando a hora certa para entrar em campo. Será quando, e se, o governo
precisar dos bons de briga.
No Planalto, Dilma até concedeu um bom tempo para almoçar ontem com Lula e
tratar de CPI, mas a prioridade dela é passar a sensação de normalidade do
governo -com agendas positivas, é claro.
A lista não para: o BC reduz a Selic, os bancos públicos e privados reduzem
os juros reais ao consumidor, o chamado "PAC da mobilidade" lança R$
32 bilhões para o trânsito nas cidades, o governo disponibiliza R$ 2 bilhões
para móveis, geladeiras e fogões e ontem, com a CPI pegando fogo, a CEF
anunciava redução de até 21% nos juros para casa própria.
Não é à toa, portanto, que a popularidade do Congresso está abaixo de zero e
a da presidente já é recorde em relação a Lula e a FHC nesta mesma fase de
mandato. E vai aumentar...
Dilma manteve os acertos de Lula, como crédito farto, e tenta se livrar dos
erros, como a passividade diante da corrupção e dos corruptos. No primeiro ano,
ela defenestrou ministros suspeitos, e o símbolo da "faxina" colou.
No segundo, guerreia contra um dos setores mais odiados no Brasil, os bancos, e
um dos grandes males do país, os juros altos.
É assim que Dilma não só se descola da crise gerada por cachoeiras e
zoológicos como se livra aos poucos do PT de Lula e ceva seu próprio PT, mais
arejado e menos paulista. O lulismo vai ficando no passado, o dilmismo,
surpreendentemente, vai se impondo. E a oposição? Que oposição?
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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