Gerado a
partir de uma divisão do DEM dirigida pelo prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab, e atraindo grande parte de suas bancadas federais, estaduais e
municipais, bem como prefeitos e um dos dois governadores da legenda (o de
Santa Catarina, Raimundo Colombo), o PSD logo se configurou como instrumento
muito útil ao governo Dilma e ao ex-presidente Lula para debilitamento, ainda
maior, da oposição. Por isso tendo sua montagem em escala nacional se
processado com decisivo apoio de lideranças petistas em vários estados, com
destaque para o governador Jacques Wagner, da Bahia.
E, em face do sucesso e da
amplitude dessa montagem – exemplifica-das pela adesão inicial da senadora
Katia Abreu, expres-siva liderança ruralista, seguida da do governador do
Amazonas, Omar Azis, de par com a formação da quarta maior bancada na Câmara
dos Deputados -, a nova legenda passou a ser avaliada, por alguns analistas,
até como peça significativa de um realinhamento das forças partidárias. No qual
ela cumpriria, entre outras funções, a de reduzir crescentemente a dependência
do Palácio do Planalto ao PMDB, substituindo-o no respaldo ao Executivo no
Congresso.
Tais
configuração e perspectivas sofreram, porém, um primeiro e forte contratempo
com a decisão do tucano José Serra de participar como candidato do pleito para
a prefeitura de São Paulo. Isso num contexto em que o maior dirigente do PSD,
Gilberto Kassab, tinha o reiterado compromisso de apoio a ele, numa disputa que
Lula tornara ainda importante ao lançar a candidatura do ex-ministro da
Educação, Fernando Haddad, como etapa da conquista pelo PT em 2014 do governo
estadual paulista, principal cidadela do PSDB. A postura pró-candidatura Serra,
que surpreendeu Kassab mas foi de pronto e segue sendo plenamente assumida por
ele, ademais de complicar o projeto paulistano de Lula (baseado numa aliança
com o prefeito que facilitasse o acesso ao eleitorado tradicionalmente hostil
ao petismo, e tendo em vista uma articulação dos governos federal e municipal
contra o candidato do governador Geraldo Alckmin) dificultou sobremaneira o preparo
de alianças entre o PSD e o PT para as eleições municipais em vários estados.
E travou o relacionamento do novo partido com o lulopetismo no Congresso. Um e
outro processos afetados pelos efeitos do distanciamento e do choque na disputa
da prefeitura mais relevante do país.
Um
segundo e mais importante golpe que o PSD poderá sofrer será o de uma decisão
– provavelmente hoje ou amanhã, mais ainda transferível e com algum grau de
incerteza – do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estabelecendo que só
partidos com votos recebidos em eleições (e não formados com base em
parlamentares eleitos por outras legendas) terão direito a recursos do Fundo
Partidário além do mínimo de 5% destinado àqueles sem re-presentação no
Congresso. Bem como precisando que só partidos com parlamentares eleitos para a
atual legislatura poderão dispor de um tempo de propaganda eleitoral “gratuita”
(no rádio e na televisão) equivalente ao peso de suas bancadas no legislativo
federal. Decisão que, se adotada, confirmaria o voto do relator da matéria,
ministro Marcelo Ribeiro, e reduziria o PSD a um partido nanico, sem condições
de negociar alianças eleitorais.
Duas reações já são previstas a uma decisão desse
tipo. A perda, rápida, pelo PSD de grande parcela das adesões que recebeu de
parlamentares federais, estaduais e municipais. E o desencadeamento pela
cúpula da alternativa de deslocar as desfiliações controláveis para o PSB, com
a troca do ambicioso projeto original pelo de um papel, menor, de respaldo à
afirmação como liderança nacional do governador de Pernambuco, Eduardo
Campos.
Jarbas de Holanda, jornalista
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