quinta-feira, 26 de abril de 2012

Holofotes para Collor na CPI de Cachoeira


Collor estreia na CPI, 20 anos após impeachment

Ex-presidente faz sua estreia na CPI de Cachoeira dando recados à imprensa e tentando, em vão, convocar procurador

Eugênia Lopes

BRASÍLIA – Vinte anos depois de sofrer um processo de impeachment e ser afastado da Presidência da República com base em investigações feitas pela CPI de PC Farias, o senador Fernando Collor (PTB-AL) fez ontem sua estreia na CPI de Cachoeira em grande estilo. Tentou aprovar, em vão, a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e participou de conchavos e conversas de pé de ouvido com parlamentares do PT, um de seus principais algozes no passado.

Mais tarde, Collor subiu à tribuna do Senado para chamar os jornalistas de “rabiscadores” e garantir que ficará atento para impedir o vazamento de documentos sigilosos e informações sobre as investigações da Comissão. A CPI, que começou a funcionar ontem, vai investigar a relação do contraventor Carlos Augusto Ramos, Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresas.

“Com o apoio da coordenação dos trabalhos da CPI, estarei atento para que não haja vazamento de informações sigilosas e protegidas pela nossa Lei Maior", bradou o ex-presidente. Em 1992, a CPI de PC Farias descobriu e divulgou para a imprensa cópias de cheques do esquema de corrupção pagos a Ana Accioly, na época secretária de Collor. As investigações também revelaram o pagamento de um Fiat Elba. “Do mesmo modo, tentarei também evitar que certos meios se prestem a agir como simples dutos condutores de notícias falsas ou manipuladamente distorcidas. E mais, que se utilizem de ações e métodos desonestos e repulsivos para escamotear a realidade dos fatos e burlar a lei”, disse Collor.

Sem esconder a mágoa com o processo que resultou na cassação de seu mandato há 20 anos, Collor atacou a imprensa. “Não é admissível, num país de livre acesso às informações e num governo que preza pela transparência pública, aceitar que alguns confrades, sob o argumento muitas vezes falacioso do sigilo da fonte, se utilizem de informantes com os mais rasteiros métodos, visando o furo de reportagem e, sobretudo, propiciar a obtenção de lucros, lucros e mais lucros a si próprios, aos veículos que lhes dão guarida e aos respectivos chefes que os alugam.”

“Diferentemente da delação premiada, essa prática daninha e pérfida acaba por açoitar e deixá-los livres, tanto uns quanto outros, verdadeiros criminosos e fraudadores, num autêntico processo de co-habitada impunidade.” Pela manhã, antes de discursar no plenário do Senado, Collor surpreendeu seus colegas de CPI ao propor a convocação de Roberto Gurgel. Ele sugeriu que o procurador trouxesse “em mãos” os dois inquéritos da Polícia Federal com o resultado das operações Vegas e Monte Carlo. Ao lado do líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), o ex-presidente pediu a palavra para propor o requerimento de convocação. Depois de uma conversa de pé de ouvido com o ex-líder Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o senador Welling

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

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