Collor estreia na CPI, 20 anos após impeachment
Ex-presidente faz sua estreia na CPI de Cachoeira dando recados à imprensa e
tentando, em vão, convocar procurador
Eugênia Lopes
BRASÍLIA – Vinte anos depois de sofrer um processo de impeachment e ser
afastado da Presidência da República com base em investigações feitas pela CPI
de PC Farias, o senador Fernando Collor (PTB-AL) fez ontem sua estreia na CPI
de Cachoeira em grande estilo. Tentou aprovar, em vão, a convocação do
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e participou de conchavos e
conversas de pé de ouvido com parlamentares do PT, um de seus principais
algozes no passado.
Mais tarde, Collor subiu à tribuna do Senado para chamar os jornalistas de
“rabiscadores” e garantir que ficará atento para impedir o vazamento de
documentos sigilosos e informações sobre as investigações da Comissão. A CPI,
que começou a funcionar ontem, vai investigar a relação do contraventor Carlos
Augusto Ramos, Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresas.
“Com o apoio da coordenação dos trabalhos da CPI, estarei atento para que
não haja vazamento de informações sigilosas e protegidas pela nossa Lei
Maior", bradou o ex-presidente. Em 1992, a CPI de PC Farias descobriu e
divulgou para a imprensa cópias de cheques do esquema de corrupção pagos a Ana
Accioly, na época secretária de Collor. As investigações também revelaram o
pagamento de um Fiat Elba. “Do mesmo modo, tentarei também evitar que certos meios
se prestem a agir como simples dutos condutores de notícias falsas ou
manipuladamente distorcidas. E mais, que se utilizem de ações e métodos
desonestos e repulsivos para escamotear a realidade dos fatos e burlar a lei”,
disse Collor.
Sem esconder a mágoa com o processo que resultou na cassação de seu mandato
há 20 anos, Collor atacou a imprensa. “Não é admissível, num país de livre
acesso às informações e num governo que preza pela transparência pública,
aceitar que alguns confrades, sob o argumento muitas vezes falacioso do sigilo
da fonte, se utilizem de informantes com os mais rasteiros métodos, visando o
furo de reportagem e, sobretudo, propiciar a obtenção de lucros, lucros e mais
lucros a si próprios, aos veículos que lhes dão guarida e aos respectivos
chefes que os alugam.”
“Diferentemente da delação premiada, essa prática daninha e pérfida acaba
por açoitar e deixá-los livres, tanto uns quanto outros, verdadeiros criminosos
e fraudadores, num autêntico processo de co-habitada impunidade.” Pela manhã,
antes de discursar no plenário do Senado, Collor surpreendeu seus colegas de
CPI ao propor a convocação de Roberto Gurgel. Ele sugeriu que o procurador
trouxesse “em mãos” os dois inquéritos da Polícia Federal com o resultado das
operações Vegas e Monte Carlo. Ao lado do líder do PT na Câmara, deputado
Jilmar Tatto (SP), o ex-presidente pediu a palavra para propor o requerimento
de convocação. Depois de uma conversa de pé de ouvido com o ex-líder Cândido
Vaccarezza (PT-SP) e o senador Welling
FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)
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