O assunto do
momento é a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as informações que vazaram
da Polícia Federal sobre o relacionamento do contraventor Carlinhos Cachoeira
com políticos – dos legislativos, dos executivos e dos judiciários, nos níveis
federal, estadual e municipal – e com empresas - empreiteiras de obras públicas
e da área farmacêutica. Tudo isso revelando relações promíscuas e de corrupção
com os órgãos públicos. Não há nessas relações qualquer preferência
político-ideológica, tem parlamentares e mandatários dos mais diversos partidos,
DEM, PT, PMDB, PSDB, PPS e das mais variadas regiões, Distrito Federal, Goiás,
Rio de Janeiro, Paraná, etc.
A Polícia
Federal rastreou o dinheiro do Cachoeira mundo afora. Não há limite, as águas
do Cachoeira correram fluidas, molhando mãos por todo o caminho que
percorreram. O que parecia originalmente tratar-se de contravenção penal para
operar caça-níqueis e jogo do bicho revela-se uma intrincada e ampla organização
criminosa que não conhece restrições para suas atividades.
A Copa do
Mundo e as Olimpíadas com o tal Regime Diferenciado de Compras (RDC) e as
condições especiais de execução orçamentária das obras do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), todos suavizando o controle dos processos
licitatórios e da fiscalização estão se revelando um espaço privilegiado para todo
o tipo de maracutaia, conforme se vê hoje nas ações e métodos da empreiteira
Delta, simbioticamente ligada ao contraventor Cachoeira.
Fica cada
vez mais difícil separar o joio do trigo e chega a ser risível e infantil a
tentativa de alguns partidos, governos e/ou políticos de vincular os crimes e desvios
a determinada corrente ou somente aos seus adversários. Se há algo que fica claro
como água de cachoeira é que a atividade criminosa é que cava seus espaços nas
frestas éticas e nas ambições individuais e coletivas das pessoas e
instituições.
O que causa maior
perplexidade é como os criminosos, corruptos e corruptores, conseguem criar
frestas novas com tanta desenvoltura a cada vez que uma delas é descoberta e,
se não fechada, pelo menos atrapalhada.
A sequência
mais recente, sem falar dos “feitos e esquemas” da ditadura (Itaipu, usinas
nucleares, transamazônica, Jari, etc), mostram os escândalos: PC Farias, anões
do orçamento, privatizações, sanguessugas da Saúde, mensalão, e agora Cachoeira,
cuja característica comum é “trabalhar”
a corrupção no atacado, “expandir”
suas operações até onde puderem, “arrecadar”
o máximo que for possível, “aplicar” e
dar segurança “ao lucro” obtido e, ao
desandar a operação, deixar os menos precavidos, laranjas e aprendizes de
feiticeiros mortos, feridos e sangrando pelo caminho.
É tarefa da
recém conquistada Democracia brasileira buscar instrumentos institucionais
fortes para diminuir essas oportunidades de renovação constante da
marginalidade e isso passa pela punição dos marginais e, principalmente, pela
recuperação do dinheiro desviado, pois alguns dos criminosos até se permitem,
ou escalam seus reservas, para correr o risco da punição, desde que não seja
comprometido o patrimônio amealhado, descontados os custos de defesa já
devidamente contabilizados no seu “negócio”.
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento
Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro Conselho
Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com
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