O diretor do Greenpeace no Brasil, Paulo Adário, classificou a aprovação na
Câmara dos Deputados do novo Código Florestal como uma "vitória do
atraso", que agrada apenas a setores conservadores do agronegócio e pode
abalar o prestígio do governo da presidente Dilma Rousseff, caso ela aceite o
texto tal como está. "Os ruralistas provaram hoje ser o maior partido do
Brasil. Derrotaram o governo e se divorciaram da opinião pública, já que as
pesquisas mostram que a maioria da população não aprova o novo Código",
avaliou.
A força demonstrada pelos ruralistas nesta votação - obtiveram 274 votos
favoráveis a 184 contrários - dará aos mesmos, acredita Adário, confiança para
mexer em questões tão ou mais espinhosas. "Eles agora vão achar que têm
força para buscar outras medidas, como a revisão de áreas protegidas e o acesso
a recursos naturais que estão em terras indígenas". No plano político,
Adário crê que "é fundamental que a presidente Dilma vete o texto. Tanto
em respeito àqueles que a elegeram como para recuperar respeito no Congresso
Nacional. Ela disse várias vezes que queira o texto como foi aprovado no
Senado, sem as mudanças que a Câmara fez. Pode ser um divisor de águas do
mandato dela", opinou.
Caso Dilma não vete o novo Código Florestal, Adário diz que os
ambientalistas batalharão pela aprovação de um projeto de iniciativa popular
pelo desmatamento zero. São necessárias 1,4 milhão de assinaturas para que a
proposta seja levada à apreciação no Congresso Nacional. Até o momento, foram
coletadas aproximadamente 130 mil assinaturas. "Nosso espelho é a Lei da
Ficha Limpa. Diante da imensa pressão popular, mesmo parlamentares suspeitos de
corrupção ou processados votaram a favor. Vamos fazer o mesmo com a lei contra
o desmatamento", conta Adário.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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