Vandson Lima e Raphael Di Cunto
SÃO PAULO - A poucos dias do início da propaganda eleitoral gratuita, que começa na terça-feira, os candidatos à Prefeitura de São Paulo buscam melhor discurso para seus primeiros dias nas telas e adotam diferentes estratégias para ganhar a atenção do eleitor. Enquanto os estreantes em disputas majoritárias Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB) gastarão seus minutos apresentando-se ao eleitorado, o candidato do PRB, Celso Russomanno, apostará na boa acolhida que tem nas ruas junto a quem já o vê há tempos no televisor.
Na campanha do tucano José Serra não se fornecem informações sobre o horário eleitoral. Pela rejeição em alta do candidato, que no Ibope divulgado ontem, chega a 37%, é previsível que a estreia do programa se destine a combatê-la. O governador Geraldo Alckmin, com popularidade em alta, pode ser um cabo eleitoral a ser explorado na TV.
Com um candidato bastante conhecido da população, mas desprovidos de padrinhos políticos e tempo de televisão comparável aos concorrentes, o publicitário Ricardo Bergamo, coordenador da campanha de Russomanno, diz que não fará "poesia". "Russomanno é disparado a figura mais popular dessa eleição. Então nos primeiros programas vou focar no personagem, com muita imagem dele com o povo nas ruas", avalia.
Para Bergamo, Russomanno começa a disputa televisiva com evidentes vantagens. "Não gastarei tempo apresentando o cara, tentando vender alguém que tem seis pontos na pesquisa ou que defende a atual gestão. Enquanto os outros vão se estapear discutindo a questão nacional, a gente vai direto nos problemas da cidade. A eleição é local, por isso é a cara do Celso", acredita. Por enquanto, a campanha de Russomanno finalizou três programas.
O publicitário se diz ciente de que Russomanno tem amealhado votos em regiões onde o PT colhe bons resultados, mas não pretende focar a atuação em áreas específicas da cidade. "Privilegiar uma região agora é burrice. O discurso do Celso é genérico, voltado para a cidade num todo. Se focar agora em uma região, os concorrentes se consolidam em outras. Compromete o 2º turno".
Bergamo desdenha das previsões de especialistas que preveem a queda do candidato do PRB com o início da propaganda de TV. "Temos feito pesquisas com o Instituto Informa, o mesmo que faz a campanha do prefeito Eduardo Paes (PMDB) no Rio. A gente sabia, por exemplo, que com a saída do Netinho de Paula (PCdoB) boa parte dos votos dele migrariam pro Russomanno. Os "especialistas" todos erraram nesse ponto".
Menos conhecidos, Chalita e Haddad utilizarão pelo menos os três primeiros programas para apresentarem suas biografias aos eleitores. A ideia do marqueteiro João Santana, segundo petistas ouvidos pelo Valor, é mostrar a família de Haddad, sua trajetória acadêmica e sua relação com os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, de quem foi ministro da Educação. O ex-presidente Lula deve aparecer em todos os programas para vincular sua imagem à do candidato do PT.
A previsão é que Haddad também apareça no horário eleitoral destinado aos candidatos a vereador - às terças-feiras, quintas e sábados - para pedir votos para a legenda e reforçar seu nome junto aos eleitores. A expectativa maior da coordenação de campanha é tornar o petista conhecido através das inserções no meio da programação normal.
Já Chalita não deve, pelo menos nos primeiros programas, usar seu maior cabo eleitoral, o vice-presidente Michel Temer (PMDB). A estratégia visa reforçar a imagem do próprio candidato, que seria independente de padrinhos políticos, e evitar a entrada da presidente Dilma na campanha em favor de Haddad - ela quer se manter afastada enquanto os partidos de sua base tiverem mais de uma candidatura em São Paulo, mas teria a desculpa para aparecer na campanha se seu vice fizesse o mesmo. Também pesa na decisão do PMDB o fato de Temer não ser grande puxador de votos.
O pemedebista levará para a televisão o tom crítico à atual administração, do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e de seu aliado Serra. Segundo integrantes da campanha, Chalita apontará os problemas da cidade e os atribuirá nominalmente à gestão Serra / Kassab.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
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