sábado, 22 de setembro de 2012

Nota acentua briga partidária


Líderes do PSDB e do PPS consideram "equivocada" a decisão da presidente de comentar o julgamento. Petistas, por sua vez, reclamam do voto dado pelo relator do mensalão

Adriana Caitano

O comentário do ministro Joaquim Barbosa sobre o depoimento da presidente em 2009 e a réplica de Dilma Rousseff em nota oficial ajudaram a acirrar ainda mais as críticas de petistas ao relator do mensalão e da oposição ao governo. Apesar de concordarem com o "tom respeitoso" da presidente em relação ao Judiciário, os dois lados se dividem quanto à necessidade de ela ter se manifestado sobre o julgamento.

Os líderes do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), e do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), reconhecem que as palavras usadas por Dilma não foram ofensivas, mas avaliam como "equivocada" a divulgação da nota. "Creio ser adequado a quem preside o país ficar ausente desse debate", comenta Dias. "O comportamento dela é indevido porque parece mais uma medida para tentar influenciar os ministros a tomar uma decisão pressionados pela declaração da presidente da República", reclama Bueno.

Alvaro Dias também afirmou que a prática de convencer parlamentares pela aprovação de um projeto em que se interessa é "vigente e comum" na gestão petista. "Quando há interesse imediato do governo, ele usa de forma direta ou indireta o balcão de negócios, liberando emendas parlamentares pontuais ou pagando propina, como o que está sendo julgado", declara. "Não saberia dizer se especificamente neste caso (votação do marco regulatório da energia) isso ocorreu, mas ainda hoje, quando há um tema difícil e polêmico, algum ministro aparece no Congresso para cooptar parlamentares e obter maioria de votos, revelando uma relação de promiscuidade", completa Dias. "Se Dilma agora diz que não estranhou o resultado da votação por causa da rapidez e sim pela unidade do acordo, pode estar indicando não ter ficado tão surpresa assim e saber que havia meios lícitos e ilícitos de conseguir essa agilidade", afirma o líder do PPS.

Governistas

Em defesa de Dilma, governistas ouvidos pelo Correio repreendem o relatório de Joaquim Barbosa e as afirmações da oposição. "A fala da presidente foi tirada de contexto pelo ministro, que faz comentários extrapolando os autos, e a presidente não poderia ouvir calada ele citar algo que ela não disse", destacou o vice-líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). "Além de leviana, é a oposição que está militando para definir e mudar o conteúdo do julgamento." O líder do partido, Jilmar Tatto (SP), complementa as críticas ao relator do mensalão. "Ele está achando que é Deus, resolveu ser o dono da verdade", alfineta. "Ele foi indicado pelo PT e é a prova de que o partido faz bobagem, nem sempre acerta".

OAB apura veto a slides

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu um procedimento para apurar se o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, violou prerrogativas profissionais do advogado Alberto Toron ao negar que o defensor do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) utilizasse a tribuna. Toron queria pedir para fazer o uso do PowerPoint em sua sustentação oral para apresentar slides, mas Britto rejeitou o pedido antes mesmo de o advogado concluir sua fala.

Na mesma semana, os ministros do STF já tinham rejeitado o uso dos slides. A Comissão de Defesa das Prerrogativas da OAB vai nomear um relator para apreciar o caso. Em nota, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) saiu em defesa de Britto, alegando que "não houve violação". (Diego Abreu)

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

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