Líderes do PSDB e do PPS consideram
"equivocada" a decisão da presidente de comentar o julgamento.
Petistas, por sua vez, reclamam do voto dado pelo relator do mensalão
Adriana Caitano
O comentário do ministro Joaquim Barbosa sobre o
depoimento da presidente em 2009 e a réplica de Dilma Rousseff em nota oficial
ajudaram a acirrar ainda mais as críticas de petistas ao relator do mensalão e
da oposição ao governo. Apesar de concordarem com o "tom respeitoso"
da presidente em relação ao Judiciário, os dois lados se dividem quanto à
necessidade de ela ter se manifestado sobre o julgamento.
Os líderes do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), e do PPS na Câmara, Rubens
Bueno (PR), reconhecem que as palavras usadas por Dilma não foram ofensivas,
mas avaliam como "equivocada" a divulgação da nota. "Creio ser
adequado a quem preside o país ficar ausente desse debate", comenta Dias.
"O comportamento dela é indevido porque parece mais uma medida para tentar
influenciar os ministros a tomar uma decisão pressionados pela declaração da
presidente da República", reclama Bueno.
Alvaro Dias também afirmou que a prática de convencer parlamentares pela
aprovação de um projeto em que se interessa é "vigente e comum" na
gestão petista. "Quando há interesse imediato do governo, ele usa de forma
direta ou indireta o balcão de negócios, liberando emendas parlamentares
pontuais ou pagando propina, como o que está sendo julgado", declara.
"Não saberia dizer se especificamente neste caso (votação do marco
regulatório da energia) isso ocorreu, mas ainda hoje, quando há um tema difícil
e polêmico, algum ministro aparece no Congresso para cooptar parlamentares e
obter maioria de votos, revelando uma relação de promiscuidade", completa
Dias. "Se Dilma agora diz que não estranhou o resultado da votação por
causa da rapidez e sim pela unidade do acordo, pode estar indicando não ter
ficado tão surpresa assim e saber que havia meios lícitos e ilícitos de
conseguir essa agilidade", afirma o líder do PPS.
Governistas
Em defesa de Dilma, governistas ouvidos pelo Correio repreendem o relatório de
Joaquim Barbosa e as afirmações da oposição. "A fala da presidente foi
tirada de contexto pelo ministro, que faz comentários extrapolando os autos, e
a presidente não poderia ouvir calada ele citar algo que ela não disse",
destacou o vice-líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). "Além de
leviana, é a oposição que está militando para definir e mudar o conteúdo do
julgamento." O líder do partido, Jilmar Tatto (SP), complementa as críticas
ao relator do mensalão. "Ele está achando que é Deus, resolveu ser o dono
da verdade", alfineta. "Ele foi indicado pelo PT e é a prova de que o
partido faz bobagem, nem sempre acerta".
OAB apura veto a slides
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu um procedimento para apurar se o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, violou
prerrogativas profissionais do advogado Alberto Toron ao negar que o defensor
do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) utilizasse a tribuna. Toron queria pedir
para fazer o uso do PowerPoint em sua sustentação oral para apresentar slides,
mas Britto rejeitou o pedido antes mesmo de o advogado concluir sua fala.
Na mesma semana, os ministros do STF já tinham rejeitado o uso dos slides. A
Comissão de Defesa das Prerrogativas da OAB vai nomear um relator para apreciar
o caso. Em nota, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) saiu em
defesa de Britto, alegando que "não houve violação". (Diego Abreu)
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
Nenhum comentário:
Postar um comentário