Presidente do Supremo diz que defendia julgamento em maio para evitar que
coincidisse com o período eleitoral
Magistrados afirmam que se revisor tivesse liberado voto mais cedo crítica não
seria feita
Valdo Cruz e Felipe Seligman
BRASÍLIA - Integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) discordam de nota
divulgada ontem pelo PT e por partidos aliados que dizia que a corte atuou de
forma política e marcou o julgamento do mensalão para coincidir com as
eleições.
A interlocutores o presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto, tem
relembrado que sempre defendeu marcar o início do julgamento na metade do
primeiro semestre, em maio, para não interferir no processo eleitoral. Ayres
Britto chegou a defender a realização de sessões em julho.
Outros ministros do STF também defendiam isso, entre eles, Gilmar Mendes.
Ele chegou a acusar o ex-presidente Lula de pressioná-lo para adiar a análise
do caso.
O julgamento, no entanto, somente foi marcado em agosto porque dependia da
liberação do voto do ministro-revisor, Ricardo Lewandowski, o que só aconteceu
na última semana de junho.
E as sessões não poderiam ficar para depois de 7 de outubro por causa do
risco de prescrição (perda de validade) das penas.
Nos bastidores, Lewandowski reclamou diversas vezes de ter sofrido pressões
de colegas para que liberasse seu trabalho rapidamente.
Ele iniciou sua revisão no início deste ano, logo após Joaquim Barbosa
dizer, em dezembro de 2011, que seu relatório sobre o processo mensalão estava pronto.
Golpismo
Em nota divulgada anteontem, PT, PC do B, PSB, PMDB, PDT e PRB acusaram a
oposição de golpismo ao usar politicamente o julgamento.
Segundo o texto, existe a tentativa de transformar o mensalão num
"julgamento político, golpear a democracia e reverter as conquistas que
marcaram a gestão do presidente Lula".
Apesar de atacar diretamente a oposição, o conteúdo da nota foi visto também
como uma crítica indireta ao tribunal, por não ter se preocupado em marcar o
julgamento no mesmo período das eleições municipais.
Para ministros ouvidos pela Folha, isso não teria ocorrido se Lewandowski
tivesse liberado seu voto em maio.
FONTE; FOLHA DE S. PAULO
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