“O retrato na parede, de itabirana
memória, talvez não seja de todo inocente. Pode ser que esteja ali a nos
lembrar o quanto os malogros e as insuficiências do passado - em primeiro
lugar, a situação de ilegalidade ou de mera tolerância, entre 1958 e 1964, a
que esteve submetido o PCB - pesaram, e ainda pesam, sobre a nova esquerda dos
nossos dias. O desprezo pelo Parlamento, demonstrado nos fatos que originaram a
Ação Penal 470, ou a perplexidade diante de um Judiciário no uso normal das
suas atribuições de Poder da República, possivelmente derivam, feitas todas as
mediações históricas, de velhas categorias que relegavam a um plano secundário
as formas tidas como "vazias" da democracia política, quando, segundo
esse raciocínio torto, os valores mais altos de um processo
"substantivo" de transformação supostamente se alevantam.”
Luiz Sérgio Henriques, editor do site Gramsci e o Brasil: ‘Esquerda,
partidos e instituições’, O Estado de S. Paulo, 21/9/2012.
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