O julgamento do mensalão e a filosofia.
Por uma ironia do destino o processo do mensalão está indo em direção da
condenação de ampla maioria dos réus na medida em que o modo de construir o
entendimento dos fatos responde claramente a uma método dialético de
pensamento.
O ministro relator ao conduzir o julgamento "fatiado" promove a
análise dos fatos, através das provas, dos depoimentos, das perícias, porém não
se restringe a eles. Constrói também suas conclusões com as contradições, com
as negações compondo assim uma síntese na qual o todo é muito maior que a
simples soma das partes.
Por outro lado, o posicionamento e o método apresentado pela defesa tem
manifesta abordagem metafísica, tentando tratar as mesmos fatos, provas
perícias e depoimentos como acontecimentos isolados e com essência e explicação
em si mesmos, que não devem ser cotejados entre si para criar novos
entendimentos e conclusões.
Qual será o próxima grande questão? Uma vez que já foi comprovado e decidido
que nos núcleos financeiro, publicitário e político houve crimes de peculato,
corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro vai se indagar,
necessariamente, quem foram os corruptores ativos e como esse esquema
sofisticado ficou de pé e funcionando pelo tempo que ficou.
Dialeticamente, não haverá muita opção a não ser continuar a compreender o
processo (em todos os sentidos) em sua totalidade, com suas contradições e
mediações.
O que é interessante é que esse "jeitão" dialético de análise das
coisas sempre foi muito vinculado às forças de esquerda e as abordagens
metafísicas têm historicamente uma carga forte de conservadorismo e da direita.
O que não surpreende é que a defesa dos réus acusados de corrupção ativa e
chefia da quadrilha, nomeados pela denúncia da Procuradoria e assim analisado
pelo relator - José Dirceu, Delúbio, Genoino e Silvio Pereira - todos da cúpula
do PT, se baseiem em pura metafísica. Profundamente direitista e conservadora,
pois parece ser dessa vertente os valores éticos e políticos que lhes sobrou.
Não há corrupção de direita ou de esquerda. Há corrupção - que seja punida!
Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento
Regional, Secretário do Partido Popular Socialista - PPS - de Taubaté e membro
Conselho Fiscal do PPS do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e
críticas para urbanopatto@hotmail.com
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