Desde o retorno do país à democracia e às eleições diretas, nunca um partido
conseguiu eleger de uma vez mais do que nove prefeitos em capitais. O PT é o
detentor desse recorde, obtido em 2004. Foi um raio em céu azul.
A lógica é a fragmentação. O Brasil tem 30 partidos políticos. É impossível
uma única legenda vencer na maioria das 26 capitais que elegem prefeitos
(Brasília é a 27ª, mas aqui só há governador). Ainda assim, há uma forma
diferente para classificar o tamanho real dos partidos.
Nas capitais em que há pesquisas disponíveis recentes, o PSDB tem dez
candidatos com chances de ganhar ou de ir ao segundo turno, pelo menos. O PT
tem sete candidatos nessas condições. E o PSB, seis. Todos os outros ficam bem
atrás.
Numa eleição relevante como a de prefeito da capital de um Estado, não é só
ganhar que conta. Ter um bom desempenho e receber 20% ou 30% dos votos ajuda a
formar bancadas de vereadores, dá coesão à militância partidária. Como se dizia
antigamente na velha esquerda, ser bem votado serve para acumular forças.
Embora o Brasil seja um país com pouca tradição de pesquisas eleitorais
independentes pelo interior, há indícios de que os partidos principais de hoje
vão continuar da mesma forma depois de 7 de outubro. O governista PT e o
oposicionista
PSDB devem sair das urnas com grande número de prefeitos eleitos e um
respeitável patrimônio de votos.
A possível proeminência do PSB terá de ser mais bem analisada depois de
conhecidos os resultados. Talvez essa legenda esteja apenas sofrendo de uma
doença política antiga, conhecida como "entrismo". Os políticos estão
ali dentro mais de passagem do que para valer.
Tudo considerado, apesar da fadiga de material produzida pela longa
polarização, PT e PSDB demonstram resiliência. Continuarão a ser os dois
grandes partidos do país e estarão à frente da sucessão em 2014.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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